Windows 7: A hipótese para a Microsoft ultrapassar o fracasso do Vista

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A nova interface do Windows quer dar aos utilizadores flexibilidade de uso Microsoft

Não é segredo para ninguém e mesmo a Microsoft não se dá a grande trabalho para o desmentir: o Windows Vista, lançado no início de 2007, ficou muito aquém do esperado. Esta semana, vai chegar às lojas o Windows 7, a nova versão do sistema operativo mais utilizado no mundo. Com críticas positivas e uma maioria de utilizadores que continua a usar o datado Windows XP, a Microsoft tem a oportunidade para recuperar do tropeção.

No dia 22, o Windows 7 estará à venda nas lojas de todo o mundo (o lançamento da versão empresarial está agendado só para finais de Novembro). Mas, na primeira semana, só está disponível a versão em inglês. A versão portuguesa chega no dia 31 de Outubro.

O Windows 7, não sendo consensual entre a crítica (aliás, dificilmente um produto da Microsoft consegue sê-lo) já chegou a ser descrito como o melhor da Microsoft até à data.

O facto de a adopção do Vista ter sido muito baixa dá agora à Microsoft a oportunidade de vender o Windows 7 aos utilizadores que ainda estão parados no XP (ou simplesmente aos que estejam descontentes com o Vista). O XP continua a ser a versão de Windows mais usada – mas chegou ao público em 2001, o que, no mundo da tecnologia, é uma data muito longínqua.

Muitas publicações especializadas apontam – e como sendo um factor positivo – o facto de a interface do utilizador do Windows 7 parecer inspirada no rival OS X, da Apple, ao mesmo tempo que mantém o funcionamento típico dos Windows recentes, permitindo uma adaptação rápida do utilizador. O sistema também tem sido elogiado pela estabilidade e desempenho.

Desenhado também para netbooks

Outro ponto relevante: a empresa não quis deixar fugir o mercado dos netbooks, os portáteis pequenos e baratos cuja popularidade explodiu nos últimos dois ano. O Windows Vista exigia especificações técnicas que o tornavam incompatível com a instalação em netbooks, cujo desempenho é inferior ao dos portáteis convencionais. Por isso, o XP – a par de distribuições de Linux frequentemente adaptadas para o efeito – tornou-se a preferência dos fabricantes para este tipo de máquinas.

Mas o 7 foi desenhado para poder ser também instalado em netbooks. A nova versão do mais conhecido netbook em Portugal – o Magalhães – vai chegar às lojas exactamente no mesmo dia que o sistema da Microsoft – e vem já com o Windows 7 pré-instalado.

Este é um segmento de mercado frequentemente considerado perigoso. Se bem que tenham sido concebidos como computadores ultra-portáteis, destinados a serem um segundo computador, o preço reduzido e o facto de desempenharem sem problemas boa parte das tarefas comuns leva (e num fenómeno a que não é alheia a crise financeira) a que muitos optem pelos netbooks como computador principal. Ora, os preços reduzidos que estão na base do sucesso dos netbooks fazem também com que a margem de lucro da Microsoft neste segmento seja mais reduzida.

Sem Internet Explorer

Por imposição da Comissão Europeia, o Windows vendido na Europa não terá incluído o Internet Explorer, o browser da Microsoft que acompanha os sistemas Windows já desde 1998 (uma manobra que permitiu então à empresa reduzir à insignificância o browser rival, o Netscape).

A comissão, cujas decisões não têm sido favorável à Microsoft em questões de monopólio, considerou ser um abuso de posição dominante o facto de a empresa usar a grande fatia de mercado do Windows para levar os compradores a usarem o Internet Explorer.

Nesta nova versão, o utilizador será confrontado com um painel, onde poderá escolher entre 12 browsers.

Os desafios

O Windows tem uma confortável posição cimeira no sector dos sistemas operativos em computadores de uso pessoal: os números apontam para uma taxa de utilização a rondar os 90 por cento do mercado. Mas isto não significa que a Microsoft não tenha com que se preocupar.

A Apple tem conseguido aumentar a popularidade dos seus computadores e, embora permaneça com uma fatia marginal do mercado, o sistema operativo que equipa os Mac continua a ser visto por muitos especialistas como a fasquia que os restantes deveriam tentar atingir.

Nos últimos anos, as distribuições de Linux fizeram também uma pequena incursão nos computadores pessoais. O Ubuntu, lançado precisamente há cinco anos, obteve mediatismo e popularidade suficientes para dar um pequeno contributo para familiarizar os utilizadores com esta opção. E os netbooks, ao serem vendidos com distribuições de Linux pré-instaladas, fizeram outro tanto. Ainda assim, os sistemas Linux estão longe de serem uma opção comum para PC.

Por fim, a Microsoft terá, eventualmente, de lidar com o paradigma da computação em nuvem, um modelo de utilização do computador em que as aplicações e os ficheiros do utilizador estão na “nuvem” de computadores ligados à Internet e não instalados e guardados no computador pessoal.

A Google tem tentado impulsionar este paradigma. E, em Julho deste ano, anunciou que esta a trabalhar num sistema operativo, chamado Chrome (o mesmo nome do browser desenvolvido pela empresa), que pretende ser precisamente um sistema adaptado à computação em nuvem.

O futuro deste Chrome OS ainda é vago. A Google disse que planeia libertar o código-fonte no final deste ano, para que possa ser usado por qualquer pessoa. E, em meados de 2010, espera que o sistema venha a equipar alguns netbooks.

Neste capítulo, as opiniões dividem-se. Enquanto alguns vêem a computação em nuvem como uma realidade a curto ou médio prazo, há quem garanta que ainda falta muito para que a massa de utilizadores migre do computador convencional para o novo paradigma – e que a enorme vantagem da Microsoft no terreno dos sistemas operativos está para durar.

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