Entroncamento preserva cultura ferroviária

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A memória da cidade ferroviária deve servir para afirmar a identidade e requalificar o espaço urbano NUNO FERREIRA SANTOS

Extensa zona dedicada ao caminho-de-ferro irá funcionar como espécie de "zona ribeirinha", para fruição pela população e para terminar com o ciclo da cidade dormitório

O Entroncamento quer fechar o seu ciclo de cidade dormitório e avançar com a valorização da cultura do comboio, que a torne visitável, com mais emprego e reforçando a sua posição no "hexágono urbano" que integra seis cidades na região do Médio Tejo.

"É um facto que o Entroncamento é uma cidade relativamente recente, não tem zonas históricas nem áreas ribeirinhas, mas o vasto perímetro delinhas férreas, incluindo o museu ferroviário, pode ser de alguma forma a nossa "área ribeirinha" e já estamos a valorizá-lo", afirma o presidente do câmara, Jaime Ramos. O autarca sublinha que a estratégia de desenvolvimento, de acordo com um plano já aprovado, visa consolidar a cidade residencial, com melhores condições para as pessoas e valorizar a estrutura ecológica.

O antigo "triângulo estratégico" informal formado na década de 1970 por Abrantes, Tomar e Torres Novas deverá dar lugar a um "hexágono" que inclua também a cidade ferroviária e Ourém e Fátima. "Os autarcas da região têm-se reunido e apresentado candidaturas conjuntas para investimentos apoiados pela União Europeia", frisa Jaime Ramos.

Segundo o Plano de Acção até 2013 para o Entroncamento, a estratégia para a cidade visitável deve focar a temática ferroviária como factor de desenvolvimento cultural, mas reconhece que tem havido algum desaproveitamento neste sector. Ao nível do emprego, o Entroncamento é marcado pela "forte integração funcional com os territórios vizinhos", com elevados fluxos laborais sobretudo com Torres Novas e Tomar, além de Lisboa.

Movimentos pendulares

De acordo com o plano, 46,8 por cento da população que vive no Entroncamento e trabalha tem o seu emprego fora do concelho. Por outro lado, a forte pendularidade laboral, devido aos bons transportes e acessibilidades, leva a que 43,8 por cento dos empregos na cidade sejam preenchidos por pessoas de fora do concelho. A instalação de um importante terminal logístico junto à estação de caminho-de-ferro está também a criar fortes expectativas no emprego concelhio. A zona industrial do Entroncamento está já a beneficiar do interesse de alguns investidores em se fixarem aí e tirar partido da proximidade do terminal.

"Acredito e há já sinais de que vai ter um impacto muito grande. As empresas parecem muito interessadas, de acordo com o operador privado responsável, por essa zona, que será muito mais do que um depósito de con-tentores", observa Jaime Ramos, notando que após o anúncio, há um ano, da instalação do terminal, alguns responsáveis políticos e empresariais procuraram impedir que esse investimento se fixasse na cidade ferroviária.

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