Netjets despede quase uma centena de funcionários em Portugal

Foto
Netjets está em dificuldades Carlos Lopes (arquivo)

A empresa, que tem a sua base europeia em Paço de Arcos, vai despedir cerca de 90 trabalhadores, desde gestores a responsáveis da manutenção, depois de ver a actividade diminuir à medida que os executivos iam apertando os cintos e alterando os seus hábitos de voo.

A Netjets não comenta o tema mas, numa declaração aos funcionários à qual o PÚBLICO teve acesso, a empresa revela que a cessação de postos de trabalho permanentes irá afectar cerca de 16 por cento dos seus 617 funcionários. Segundo Jorge Lopes, do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Transportes (SITAVA), a Netjets está a propor aos funcionários uma rescisão voluntária até ao próximo dia 9, oferecendo indemnizações de dois meses de salário por cada ano de trabalho. Após essa data, a empresa avança com o despedimento colectivo, pagando apenas um mês por cada ano de trabalho, como estipulado na lei. Nos EUA, a empresa já despediu também 400 trabalhadores dos cerca de 8000 que emprega. A justificar os cortes laborais, está a crise.

"A desaceleração económica global sem precedentes dos últimos 12 meses afectou fortemente os clientes da NTA", levando-os a alterar "os seus hábitos de voo" e a reduzir "custos de forma a assegurar a viabilidade dos seus negócios", explica a empresa no documento aos trabalhadores.

Uma justificação semelhante foi avançada em Agosto pela Jet Republics para explicar o encerramento da sua base em Portugal. A prometida contratação de 1000 trabalhadores em cinco anos e a encomenda de 110 novos aviões da Bombardier ficaram pelo caminho, já que "os clientes têm cada vez mais dificuldades em obter financiamento para a partilha de jactos", dizia a empresa. Na declaração enviada aos trabalhadores, a Netjets esclarece que "o volume de voos caiu 25 por cento" desde o maior período de actividade (que foi entre 2006 e 2008) e "atingiu actualmente níveis de actividade inferiores aos que se verificaram em 2006", ano em que empregava 472 pessoas. Mas as perspectivas para os próximos tempos não são melhores.

"As expectativas futuras da sociedade são que, durante vários anos, a actividade aérea não voltará aos níveis anteriores" e que a empresa continue a sentir durante os próximos anos os efeitos das realidades económicas que afectam os seus clientes. Um cenário pouco animador para uma indústria que, em 2007, valia 1,1 mil milhões de euros e gerava 3000 postos de trabalho, segundo um estudo da consultora PricewaterhouseCoopers divulgado em Abril.

Pioneira na venda fraccionada de aviões executivos, a Netjets é um dos negócios do multimilionário norte-americano Warren Buffet. Estabelecida em Portugal desde 1996, opera hoje uma frota de 165 aviões, voando para 43 aeroportos na Europa e para mais de 5000 em todo o mundo.

Sugerir correcção
Comentar