Nova Auto-Estrada 16 esquece sinalização de antigos acessos entre Sintra e Cascais

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O Governo garante que a nova via vai descongestionar o IC19 e dinamizar a região de Lisboa Daniel Rocha

O elevado número de socialistas poderia levar a pensar tratar-se de uma acção de campanha eleitoral. José Sócrates, aliás, conversou demoradamente com as duas candidatas do PS às Câmaras de Sintra (Ana Gomes) e de Cascais (Leonor Coutinho). Os presidentes das duas autarquias, Fernando Seara e António Capucho, ambos recandidatos pelo PSD/CDS-PP, também responderam ao convite. Mas estavam nitidamente em inferioridade numérica em relação aos que alguém classificou como "penetras" socialistas.

A A16, com três vias em cada sentido, é composta por quatro troços entre a CREL (na zona de Queluz) e Lourel, com 11,1 quilómetros; Lourel e Ranholas (ligação ao IC19), com 3,6 km; Ranholas e Linhó, com 4,6 km, e Linhó e Alcabideche (ligação à A5), com 3,7 km. A nova auto-estrada custa 0,50 euros no trajecto entre a CREL e o Telhal, mais 0,50 até ao Lourel e 0,90 entre Ranholas e o Linhó.

Segundo Rui Guimarães, director técnico da Ascenti (ex-Aenor), quem sair no nó da Idanha, para Belas, paga 0,50 euros na portagem desse troço. Quem seguir para o IC19 (Queluz) ou IC16 (Belas) toma as vias do meio e, em vez de pagar ali, retira o talão para pagar na saída da CREL que escolher (em Queluz ou Belas serão 0,50). A Ascenti será depois "compensada" pela Brisa. Ao longo dos 23 quilómetros da A16, que atravessa o campo de golfe da Quinta da Beloura, foram construídos dois viadutos, 49 passagens inferiores ou superiores e 30 mil m2 de barreiras acústicas, com "tratamento anti-graffiti", algumas já rabiscadas.

"Situação a ponderar"

António Capucho mostrou-se satisfeito com a nova auto-estrada, uma vez "que no interior do concelho de Cascais não se paga portagem". Para o autarca, "esta não era uma prioridade", mas aceita os benefícios para o concelho de Sintra. Os 0,90 euros exigidos por pouco mais de quatro quilómetros até Ranholas "são muito, mas a portagem da A5 também é cara". No entanto, notou, "a EN9 vai ficar muito mais aliviada". Já o vereador Pedro Mendonça (CDU) contesta as portagens porque "uma via facilitadora de tráfego não pode ser um negócio".

Só que os automobilistas (e os muitos turistas) que pretendam usar a estrada nacional entre Cascais e Sintra, com duas vias para cada sentido, quase paralelas à A16, não dispõem de indicação do desvio para a EN9. À beira da faixa de rodagem só consta a indicação Linhó/Autódromo (do lado de Cascais) e Sintra (do Lourel). A referência a Sintra ou Cascais apenas se exibe nos pórticos da auto-estrada, direccionando para o troço com portagem. Rui Guimarães justifica com "a tendência para indicar o destino mais directo" e que o reforço dos sinais compete a outras entidades.

"É uma situação a ponderar", comentou Fernando Seara, confrontado com a falta de indicação para a EN9, reconhecendo que "não é irrelevante para Sintra" que os munícipes possam optar por não pagar portagem até ao Ramalhão, apesar dos estrangulamentos que ali se verificam. A A16, no seu entender, representa uma melhoria nas acessibilidades, concretizada com o contributo das autarquias.

José Sócrates também agradeceu às câmaras, à concessionária e ao ministro das Obras Públicas, Mário Lino, a conclusão de uma obra que, para além de descongestionar o IC19, faz parte de um investimento essencial para dinamizar a economia na região de Lisboa. Reclamando o desatar "dos nós górdios da Área Metropolitana de Lisboa", o governante apontou como outra obra fundamental o fecho da CRIL, no "início do próximo ano".

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