Tintin troca de editor português e muda de nome

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Segundo a ASA, diz que o objectivo é pôr cá fora toda a colecção das aventuras de Tintin (num total de 24 álbuns) até 2011, data prevista para a estreia do filme que Spielberg está a realizar.

Descontente com as vendas em Portugal, o editor histórico de Tintin e detentor universal dos direitos para álbum (Casterman) pôs termo em Janeiro deste ano ao contrato que o ligava à Editorial Verbo desde 1988. Esta semana ficou a também saber-se quem lhe sucede: as Edições ASA, que já estão a trabalhar em novas traduções e prometem os primeiros álbuns para a Primavera de 2010.

Willy Fadeur, director do departamento de direitos internacionais da Casterman, confirmou ao Ípsilon a "insatisfação" com as vendas, consideradas "insuficientes tendo em conta a notoriedade do herói e do seu criador". A rapidez com que foi escolhido um novo editor é justificada com a importância que o editor franco-belga atribui ao mercado português: "Para nós, o mercado português, francófilo e francófono, é de primeira linha."

Maria José Pereira, responsável pelo departamento de BD da ASA, diz que o objectivo é pôr cá fora toda a colecção das aventuras de Tintin (num total de 24 álbuns) até 2011, data prevista para a estreia do filme que Steven Spielberg está a realizar. O editor português assegura que o herói vai recuperar o seu nome original - "Tintin" em vez do "Tintim" que surgia nos álbuns da Verbo: "É o nome da personagem e uma marca. Não há razão para não fazermos essa alteração", explica Maria José Pereira.

Graças a este negócio, as Edições ASA ganham para o seu catálogo uma das séries mais emblemáticas (e também mais lucrativas) da BD mundial. Os fãs podem contar com uma presença mais agressiva do herói nas livrarias, onde teve um lugar relativamente discreto nas últimas décadas. Recorde-se que Portugal foi o primeiro país não-francófono do mundo a publicar Tintin, em 1936 (revista "O Papagaio"). Foi também o primeiro país do mundo onde se puderam ler as aventuras do famoso jornalista a cores, ainda antes de isso acontecer na Bélgica ou em França.

Para a Casterman, o negócio com a ASA é também vantajoso, pois ganha alguma margem de manobra relativamente à sociedade Moulinsart, gestora dos direitos mundiais de Hergé (16 milhões de euros por ano). Nick Rodwell, marido de Fanny Vlaminck (segunda mulher de Hergé e herdeira do património do artista) e administrador da Moulinsart, exprimiu em Abril passado o seu descontentamento com a forma como o editor franco-belga tem gerido os direitos sobre os álbuns de Tintin. Embora nunca tenha sido oficialmente afirmado, admitia-se nos meios ligados à BD que as divergências pudessem acabar em divórcio entre os dois parceiros.

Passados quase seis meses, não houve novos desenvol-vimentos e Willy Fadeur, interpelado sobre o assunto, foi lacónico: "A Casterman é contratual-mente o gestor mundial dos direitos das aventuras de Tintin e tenciona continuar a sê-lo."

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