Cavaco acusa PS de o querer “encostar” ao PSD e à campanha eleitoral

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O chefe de Estado reforçou a sua "isenção em relação a todas as forças partidárias" Pedro Cunha (arquivo)

O Presidente da República fez hoje uma declaração ao país para dizer que considera que durante a campanha eleitoral o PS produziu várias declarações e teve atitudes que tinham como objectivo encostá-lo ao PSD e, ao mesmo tempo, “desviar as atenções do debate eleitoral das questões que realmente preocupavam os cidadãos”.

Para Cavaco Silva “foram ultrapassados os limites do tolerável e da decência” mas garantiu que “o Presidente da República não cede a pressões nem se deixa condicionar, seja por quem for” pois “Portugal está primeiro” e defenderá sempre os seus “superiores interesses”.

O chefe de Estado começou por dizer que “não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante” e reafirmou que “a Presidência da República é um órgão unipessoal e que só o Presidente da República fala em nome dele ou então os seus chefes da Casa Civil ou da Casa Militar”. Perante estas declarações, o Presidente questiona: “porquê toda aquela manipulação?”

Depois, Cavaco diz que “a título excepcional” revela a sua “interpretação dos factos” de uma situação que considera ter sido “um tipo de ultimato dirigido ao Presidente da República” – em referência às acusações vindas a público em Agosto sobre membros da sua casa civil terem participado na elaboração do programa do PSD, o que diz ser “mentira”.

Mesmo assim acrescentou: “não tenho conhecimento de que no tempo dos presidentes que me antecederam no cargo, os membros das respectivas casas civis tenham sido limitados na sua liberdade cívica, incluindo contactos com os partidos a que pertenciam”. E afirma compreender que os cidadãos se perguntem “como é que aqueles políticos sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil da Presidência da República”.

"Vulnerabilidades" da informação da Presidência da República

Dito isto, o Presidente insiste que interpreta estes factos com os dois objectivos que começou por enunciar: colá-lo ao PSD e desviar as atenções dos actos eleitorais. “E a mesma leitura fiz da publicação num jornal diário de um e-mail, velho de 17 meses, trocado entre jornalistas de um outro diário, sobre um assessor do gabinete do primeiro-ministro que esteve presente durante a visita que efectuei à Madeira, em Abril de 2008” – um e-mail que Cavaco diz desconhecer, além de ter “sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas”. O Presidente referia-se a um e-mail publicado pelo "Diário de Notícias" como tendo sido alegadamente trocado entre dois jornalistas do PÚBLICO.

“Não conheço o assessor do primeiro-ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu durante a minha visita à Madeira e se disso fez ou não relatos a alguém. Sobre mim próprio teria pouco a relatar que não fosse de todos conhecido. E por isso não atribuí qualquer importância à sua presença”, acrescentou. Assim, Cavaco associa a publicação deste email à proximidade dos actos eleitorais.

“Confesso que não consigo ver bem onde está o crime de um cidadão, mesmo que seja membro do staff da casa civil do Presidente, ter sentimentos de desconfiança ou de outra natureza em relação a atitudes de outras pessoas”, insistiu Cavaco. Na sequência, explicou que decidiu afastar o seu assessor Fernando Lima do cargo para acabar essencialmente com dúvida de que ninguém da Casa Civil fala em nome do Presidente sem a sua autorização.

A este propósito, Cavaco diz que se questionou sobre se alguém do exterior poderia entrar no seu computador ou e-mail. “Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?”, questionou, para dizer que já ouviu hoje várias entidades sobre o assunto e que ficou a saber que há vulnerabilidades que já pediu para corrigir.

Notícia actualizada às 20h55
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