Movimento Voto Nulo quer que cidadãos votem nulo ou branco para mudar modo de fazer política

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Manuel Roberto (arquivo)

Em período de campanha eleitoral, surge agora o Movimento Voto Nulo, constituído por cidadãos que se dizem desiludidos com o actual panorama politico e apelam ao voto nulo ou em branco para obrigar os partidos a mudar de politica.

A apresentação oficial do movimento foi feita hoje perto da rotunda do Marquês do Pombal, em Lisboa, onde uma dezena de pessoas, vestidas com uma t-shirt branca onde se lia "voto nulo", empunharam vários cartazes em forma de balão de diálogo das tiras de banda-de-desenhada com as palavras "Blá, blá, blá" e os colocaram em frente aos 'outdoors' de campanha de alguns dos partidos que concorrem às próximas eleições legislativas.

"O nosso propósito é chamar a atenção para a necessidade de haver maior clarificação ideológica nos programas partidários, chamar a atenção para a falta de qualidade nos programas partidários dos programas de governo que se foram apresentando, chamar a atenção para a necessidade de renovação dos líderes partidários, para a necessidade de melhor democracia", explicou aos jornalistas, um dos fundadores do Movimento Voto Nulo (MVN).

De acordo com Manuel João Ramos, é preciso uma maior participação por parte dos cidadãos na vida politica, por exemplo, na elaboração dos programa dos partidos, e é preciso, também, que quem habitualmente não vai votar, opte por outra forma de demonstração do seu descontentamento.

"Os abstencionistas não se abstenham para que transformem a sua não participação em participação ou branca ou nula porque como se sabe a abstenção não conta em termos de representação para a proporção da repartição dos votos eleitorais, portanto consideramos que quem se abstem deve votar ou nos partidos ou branco ou nulo", justificou Manuel João Ramos.

De acordo com o fundador do movimento, o objectivo último é mesmo conseguir a alteração da Lei eleitoral.

"A nossa perspectiva é que a Lei eleitoral possa mudar porque tecnicamente, na situação actual, é possível, se 99,9 por cento votantes votarem nulo ou branco, mesmo assim é possível assegurar um Governo de maioria absoluta na Assembleia da República e isso significa que a Lei eleitoral permite transformar uma democracia numa oligarquia", defendeu.

No entender de Manuel João Ramos, os últimos resultados eleitorais para a Câmara Municipal de Lisboa são disso exemplo.

"Os partidos políticos tiveram o voto da minoria dos lisboetas e quem neste momento governa a Câmara teve mais ou menos 10 por cento do total de votantes e isto é perigoso", argumentou.

Para o MVN, deve haver maior empenhamento por parte dos cidadãos na vida politica, mas deve também haver por parte dos partidos um "despertar para a necessidade de encontrar novas formas de fazer politica".

Para o dia das eleições legislativas, a 27 de Setembro, têm já planeado organizar um concurso para eleger o melhor voto nulo ou branco retratado em fotografia.

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