Patrick Swayze: do pescoço para cima um mecânico, do pescoço para baixo um deus

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Patrick Swayze numa imagem de 2006 Mario Anzuoni/REUTERS

Nunca parou de fazer filmes. Doente, com um cancro no pâncreas desde há um ano em meio, o actor de "Dirty Dancing" insistiu em trabalhar até ao fim numa série televisiva. Morreu aos 57 anos.

Quando lhe diagnosticaram um cancro no pâncreas, em Janeiro de 2008, Patrick Swayze disse que gostaria de viver até os médicos descobrirem uma cura para a doença. Sabia que isso seria difícil, mas viveu mais do que os médicos previam. Ao fim de um ano e meio de luta contra o cancro, o actor de "Dirty Dancing" morreu na segunda-feira, em Los Angeles, aos 57 anos.

Outra decisão que tomou nesse início de 2008 foi a de não parar de trabalhar. Mesmo enquanto fazia tratamentos de quimioterapia continuou a filmar "The Beast", série para o canal de televisão por cabo A&E, e recusou-se a tomar medicamentos para as dores para não prejudicar a representação. "Uma coisa que não vou fazer é andar a lutar para me manter vivo mais tempo", disse numa entrevista à jornalista e apresentadora Barbara Walters há oito meses. "Passamos tanto tempo a tentar mantermo-nos vivos que não vivemos".

Swayze fez muitos filmes durante a sua vida, mas será lembrado sobretudo por "Dança Comigo"/"Dirty Dancing" (1987), com Jennifer Grey, em que revelava os seus dotes de bailarino, "Ghost-Espírito do Amor" (1990) com Demi Moore, e pela série "Norte e Sul", sobre a guerra civil americana. O "Washington Post" recordava ontem que Rita Kempley, antiga crítica do jornal, em tempos o descreveu como "um cruzamento entre Brando e Balanchine", um actor que "do pescoço para cima parece um tipo que nos pode arranjar o carburador; e do pescoço para baixo tem o corpo de um deus do Olimpo".

Nascido a 18 de Agosto de 1952, em Houston, Patrick Swayze era filho de uma professora de dança, Patsy, que nos anos 80 haveria de coreografar, para John Travolta, as sequências de dança do filme "Urban Cowboy" (1980). O pai, Jesse Wayne Swayze, era alcoólico e morreu em 1982 (Patrick também viria, durante um período da sua vida, a ter problemas com o álcool).

O facto de dançar na escola de ballet da mãe tornava-o alvo da chacota dos outros miúdos na escola, mas, conta o "Washington Post", "ele batia-lhes, com a aprovação da mãe". Em 1975 casou com a sua namorada de adolescência, Lisa Niemi - um namoro que começou quando ele tinha 18 anos e ela 15, e que durou até à morte do actor.

A carreira no cinema começou em 1979 com o filme "Skatetown, USA", mas Swayze só se tornou conhecido na década seguinte com o papel de Johnny Castle, o professor de dança que se apaixona pelo seu par, a tímida filha de um casal que está a passar férias num hotel. O filme teve um enorme sucesso de bilheteira, e tornou Swayze - que, além de dançar, canta a canção "She's Like the Wind" - o ídolo das adolescentes no final dos anos 80.

Apesar de ter entrado em vários outros filmes entretanto, o outro momento marcante da sua carreira surgiu com "Ghost", em que faz o papel de um bancário que é assassinado durante um assalto e que, do "além", ajuda a sua mulher (interpretada por Moore) a descobrir o crime, com a ajuda de uma médium (Whoopi Goldberg).

Ao saber da morte de Swayze, Whoopi, que sempre lhe agradeceu por a ter ajudado a conseguir o Óscar de Melhor Actriz Secundária por "Ghost", recordou-o como "um homem verdadeiramente bom, um homem engraçado". E acrescentou: "Acredito na mensagem de ‘Ghost,' por isso acredito que ele estará sempre próximo".

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