Renovação do Mosteiro de Tibães termina hoje, ao fim de 20 anos

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Tibães vai acolher um centro de estudos de ordens monásticas ADRIANO MIRANDA

A área visitável do edifício foi alargada. Ala sul do mosteiro e claustro
do refeitório destruído no século XIX foram integralmente renovados

a Mais de 20 anos de intervenções no Mosteiro de S. Martinho de Tibães, em Braga, chegam hoje ao fim. A terceira fase de recuperação do monumento nacional é esta manhã inaugurada, pondo termo a uma longa renovação do edifício. A antiga casa-mãe da congregação beneditina em Portugal vai passar a acolher uma hospedaria, um restaurante e um centro de estudos.A última fase de intervenção no mosteiro permitiu alargar a área visitável a todo o edifício. A ala sul do mosteiro e o claustro do refeitório, espaços que estavam quase totalmente destruídos, foram integralmente renovados. "Tentámos aproveitar sempre o máximo que podíamos da estrutura original, o que nesta ala foi pouco", explica João Carlos Santos, arquitecto responsável pela intervenção. "Só as paredes e algumas lajes de pedra se mantinham. O chão que existia era de terra", ilustra.
A obra de renovação da ala sul acabou, por isso, por ter um cunho mais contemporâneo, particularmente no espaço do antigo claustro do refeitório, destruído por um incêndio em 1894. "Esta zona estava completamente destruída, mas restabelecemos a ligação entre a livraria e o claustro do cemitério, criando uma varanda com vista sobre Braga", explica o arquitecto. No local foi também construída uma plataforma para eventos culturais, um palco multifunções com uma forma que sugere a configuração anterior daquele espaço.
A última fase de recuperação do Mosteiro de Tibães prolongou-se entre Setembro de 2006 e Dezembro do ano passado e custou cerca de 4,7 milhões de euros. O noviciado, o hospício e a cozinha foram também reabilitados. No edifício, cuja actual configuração data dos séculos XVII e XVIII, foi adquirido pelo Estado em 1986. Desde então o mosteiro começou a ser recuperado, mas as grandes intervenções estruturais começaram em 1994. Desde então já foram investidos mais de 13 milhões de euros.
Durante os últimos dois anos foi recuperado o espaço da antiga livraria, onde vai ficar instalado o Centro de Estudos de Ordens Monásticas, numa parceria com as universidades do Porto e do Minho. Cinco celas desta ala foram transformadas em locais de estudo para investigadores.
As antigas cavalariças deram lugar a uma nova área de recepção dos visitantes do monumento. Aqui foi instalado um centro interpretativo da história do mosteiro, com quiosques multimedia, bem como uma loja. Este será o ponto inicial da visita ao Mosteiro de Tibães, que a partir de agora incluirá também o espaço das antigas cozinhas, agora recuperadas.

Templo medievalDurante os trabalhos de acompanhamento arqueológico da última fase de intervenção foram detectadas as bases do templo medieval que existiu em Tibães, antes da criação da ordem beneditina. As ruínas foram musealizadas, num espaço que integra também alguns dos achados mais relevantes dos 20 anos de intervenção dos arqueólogos da Universidade do Minho naquele local.

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