Sul-africano recebe estatuto de refugiado no Canadá por ser branco

Um sul-africano branco afirma ser alvo de discriminação racial no seu país e imigrou para o Canadá, onde as autoridades lhe concderam o estatuto de refugiado.

Brandon Huntley diz ter sido atacado sete vezes por sul-africanos negros, que lhe terão chamado “cão branco”, e afirma ser um refugiado por considerar que a sua cor de pele poderia pôr em risco a sua vida se regressasse à África do Sul.

Huntley deixou o país em Abril, alegando às autoridades de imigração que foi atacado várias vezes por compatriotas, o que levou o Conselho de Imigração em Otava a considerar que o homem “tem medo de ser perseguido por sul-africanos negros". A decisão provocou o descontentamento do Governo sul-africano, liderado pelo Congresso Nacional Africano.

William Davis, membro do Conselho de Imigração canadiano, declarou que o Estado sul-africano tinha dado provas “claras e convincentes” de “incapacidade e falta de vontade para proteger” Huntley.

Com uma média de 52 assassinatos por dia, a África do Sul tem um dos piores registos criminais do mundo. No entanto, o Governo considerou que os alegados ataques não foram inspirados em questões, raciais, sublinhaod que tanto negros como brancos são vítimas de crimes - que o novo Presidente Jacob Zuma, aliás, prometeu reduzir.

“Consideramos a afirmação de Huntley, de que foi atacado sete vezes por africanos devido à sua cor de pele, sem qualquer intervenção da polícia, uma acusação sensacionalista e alarmante”, apontou Brian Sokutu, representante do Congresso Nacional Africano. “A decisão do Canadá de dar a Huntley o estatuto de refugiado apenas contribui para perpetuar o racismo”, acrescentou.

O caso despoletou o apoio de muitos brancos que afirmam que o Governo não fez nada para parar a onda de ataques a agricultores brancos desde 1994 e evita fazer estatísticas de crimes com o objectivo de melhorar a imagem do país para o Campeonato Mundial de Futebol de 2010.

A Afriforum, organização de defesa dos direitos civis africana, apelou ao ministro dos Assuntos Internos para ordenar uma investigação à emigração de minorias. Um relatório recente do Instituto Sul-Africano de Relações Raciais indica que cerca de 800 mil brancos, entre uma população de quatro milhões, mas também alguns negros, deixaram o país desde 1994, avançando como causas “doenças infecciosas, catástrofes naturais e conflitos civis de larga escala”.

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