Pocinho-Barca de Alva vai reabrir pelo menos como linha turística

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A reabertura da linha foi anunciada durante viagem no rio Douro PAULO PIMENTA

Governo garante 25 milhões, com eventual apoio do QREN, à reabilitação deste troço. Linha do Douro poderá ser concessionada a partir da Régua

a A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, anunciou ontem que o troço Pocinho-Barca de Alva, na Linha do Douro, vai ser reabilitado de modo a voltar a ser utilizado pelos comboios, como há muito reivindicam associações de cidadãos e autarquias da região. Nas Caldas de Aregos (Resende), onde inaugurou uma fluvina, a secretária de Estado avisou que tinha uma novidade: "Já há acordo para a assinatura de um protocolo entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), a Refer, a CP e o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos. Andávamos há quatro anos a falar disto", exultou.Numa "primeira fase", explicou Ana Paula Vitorino ao PÚBLICO, o troço ficará reservado aos "serviços especiais" - entenda-se turísticos. Mas a governante ressalvou que o Governo mantém a "ambição" de reconverter a Linha do Douro numa ligação à Europa. O troço deixaria assim de se submeter, exclusivamente, a uma "filosofia turística", para recuperar o serviço normal de passageiros, embora isso dependa do que vier a acontecer do lado espanhol: ou seja, da reactivação, também, da linha entre Salamanca e a fronteira.
"Não perco a esperança de ver isso acontecer. Temos boas relações com o conselheiro do Fomento da Junta de Castela e Leão, com quem assinámos protocolos relativos aos portos de Leixões e Aveiro, que Castela considera os seus 'portos naturais', e relativos à colaboração entre as nossas plataformas logísticas e Salamanca", justificou a secretária de Estado, prevendo que esta decisão do Governo português não deixará de funcionar como uma pressão sobre as autoridades espanholas, no sentido da reactivação da ligação ferroviária internacional. "Nós vamos avançar. E vocês?", é o que Ana Paula Vitorino promete dizer aos seus interlocutores espanhóis. No entanto, vinca, mesmo que a linha não avance além-fronteira, a reactivação do troço Pocinho-Barca de Alva está na mesma assegurada.
O Governo garante 25 milhões de euros para a reabilitação do troço de 28 quilómetros, que ficará a cargo da Refer. O projecto também será objecto de uma candidatura ao QREN, que envolverá naturalmente a CCDRN, e cujo êxito, nota a secretária de Estado, dependerá também do facto de o projecto vir a envolver quer a administração central quer as autarquias da região. Além dos municípios, o Governo também quer envolver investidores privados, do sector turístico, na reabilitação da linha.
O executivo não exclui a possibilidade de vir a concessionar o troço e até de alargar a concessão à Régua, com o argumento de que é a partir daqui, em direcção à fronteira, que a procura da Linha do Douro é predominantemente turística. "As necessidades do troço Porto-Régua são diferentes da do troço Régua-Barca de Alva. Porto-Régua faz parte da Rede Complementar, o equivalente a um 'IC'" da rede rodoviária, e Régua-Barca de Alva seria uma "estrada municipal", comentou Ana Paula Vitorino, mantendo a analogia.
A secretária de Estado quer ver a linha, a partir da Régua, a ser utilizada também para apresentações de produtos regionais, a ser percorrida pelo comboio a vapor que aos sábados liga a Régua ao Pinhão, e a ser objecto de packs turísticos, que combinem o transporte ferroviário e as embarcações turísticas fluviais, que já transportam 200 mil pessoas por ano.

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