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BCE deverá manter taxa de juro em um por cento pelo terceiro mês consecutivo

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Em Maio o BCE baixou o preço do dinheiro para um por cento Alex Grimm/Reuters

O conselho de governadores do BCE baixou em Maio o preço do dinheiro, para um por cento, o valor mais baixo de sempre desta taxa desde a criação da união monetária em 1999.

“Acreditamos que o BCE vai manter as actuais condições de política monetária por um período de tempo alargado, deixando que os mecanismos tradicionais sejam naturalmente repostos, ou seja, dando tempo para que o sistema financeiro sare as suas feridas”, disse à agência Lusa Paula Gonçalves Carvalho, do departamento de estudos económicos do BPI.

De acordo com Paula Gonçalves Carvalho, o discurso do BCE deverá assim, na próxima reunião, continuar a “ser cauteloso, chamando a atenção para poder ser prematuro excessivo optimismo na recuperação, pois o que parece certo é que a pior fase já terá sido ultrapassada”.

Remoção de políticas não convencionais pode ser referida

Na mesma linha, o economista-chefe do Banco Santander de Negócios disse também esperar que as taxas permaneçam inalteradas em Agosto, “sem grandes alterações”.

Rui Constantino lembra contudo que, em termos de crescimento, o BCE tem mantido perspectivas mais conservadoras em relação ao consenso e é necessário nesta reunião perceber se os dados económicos mais recentes estão a ser acolhidos pela instituição.

O mercado estará ainda atento à próxima operação de cedência de liquidez a um ano, que se realizará em Setembro, estando em cima da mesa a possibilidade do BCE adicionar um “pequeno ‘spread’” à taxa de juro para realizar a operação, acrescentou.

Também Rui Serra, economista-chefe do Montepio Geral não espera “grandes surpresas” da próxima reunião do Conselho de Governadores do BCE, mas acredita que, eventualmente, o BCE faça referência no seu discurso “à estratégia de remoção das políticas não-convencionais”.

Segundo o especialista, o BCE poderá nesta reunião explicar as políticas que irá desenvolver para “secar a liquidez do sistema financeiro, assim que as condições macroeconómicas o permitam, e com o objectivo de evitar que a actual expansão monetária acabe por desencadear uma subida dos preços, risco que, no curto prazo, não deverá constituir a maior preocupação da autoridade monetária”.

Apesar de considerar que as recentes previsões económicas “continuam a sugerir um corte de 50 pontos base” na principal taxa de referência, Rui Serra considera no entanto improvável o cenário de redução adicional das taxas de juro.

“Designadamente quando, agora, mais do que há uns meses, o BCE começa a observar alguns sinais de melhoria, nomeadamente ao nível dos indicadores de confiança, que poderá invocar para ‘justificar’ o não abandono do seu tradicional conservadorismo”, disse o especialista num comentário à Lusa.