Sacha Baron Cohen, a anti-celebridade

Foto
Sacha Baron Cohen

Não gosta de se mostrar fora das personagens para não distrair as atenções e porque é pessoa pouco atreita à exposição pública - afinal, o seu trabalho é apanhar figuras públicas desarmadas

É um judeu que cumpre o regime kosher, que respeita o Sabat sempre que possível e que tem uma filha com a actriz Isla Fisher. São-lhe conhecidas escassas entrevistas e há poucas imagens de Sacha Baron Cohen fora de uma personagem: para não distrair as atenções e porque é pessoa pouco atreita à exposição pública e ao conceito de celebridade; afinal, o seu trabalho é apanhar figuras públicas desarmadas, sejam elas um furioso Harrison Ford ou um complacente e, depois, indignado Ron Paul, congressista republicano.

O mais novo de três irmãos, nasceu em 1971 em Hammersmith, Londres. O pai tinha uma loja de roupa em Picadilly Circus e a mãe, nascida em Israel, era professora de dança. Nos primeiros anos de escola não se destacou. Era, aliás, discreto. Os colegas não sabiam que adorava break-dance e rap. Numa entrevista à "Rolling Stone", recorda que, desde os 12 anos, a mãe o levava (e à sua "crew", os Black on White) até Covent Garden, onde actuava com amigos - todos judeus, brancos e aculturados pelo hip-hop.

Estudou em Cambridge e actuava no famoso Footlights ao mesmo tempo que se centrava na construção de personagens... na vida real. Para entrar em sítios sem pagar, por exemplo. Fortemente influenciado pelos Monty Python (um dos irmãos fê-lo entrar à socapa num cinema para ver "A Vida de Brian") e sobretudo pelo seu ídolo, Peter Sellers - o actor que se queixava de não ter personalidade fora das personagens -, Cohen estabeleceu metas: tinha cinco anos para vingar na comédia e ganhar dinheiro ou desistia.

Teve uma série de pequenos trabalhos na TV (Windsor TV, London Weekend Television, Paramount Comedy Channel) e até foi modelo em catálogos. E de repente Ali G, cujas raízes estão no amor de adolescente pelo break-dance, nasceu. Um dia estava em filmagens e viu um grupo de skaters, com ar durão mas brancos como a cal, a comportarem-se como membros da anti-elite do gangsta rap. Isto juntou-se a uma personagem que construía a partir do DJ da Radio One da BBC, o filho de um bispo que falava como um "dread". Mergulhou nessa composição e anos mais tarde nasceria Ali G, o "rapper" branco inconveniente que tornou o fato de treino amarelo icónico muito antes de Tarantino e "Kill Bill". 

Entretanto, sem dinheiro, Sacha foi convidado a integrar o programa de humor The 11 O'Clock Show, do Channel 4, onde Ali G daria os primeiros passos até ganhar autonomia televisiva em 2000. A SIC Radical começou a exibir o programa e em 2002 saía o filme "Ali G Inda-House". A série migraria para a americana HBO e, entretanto, Ali G tornava-se o motorista de Madonna no videoclip de "Music". No programa "Da Ali G Show" já apareciam as personagens Brüno, o correspondente de moda de um canal austríaco que enviava as suas histórias, e Borat Sagdiyev, que fazia reportagens e entrevistas - Borat "nasceu" a partir de Alexi Krickler, jornalista moldavo que um dia se cruzou com Cohen e o divertiu com o seu inglês macarrónico e admiração por tudo o que era anglo-saxónico.
Sacha Baron Cohen apareceu em "Calma, Larry" e no "Saturday Night Live", fez "Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby" (2006) com o amigo Will Ferrell, depois juntou-se a Tim Burton e foi dramático em "Sweeney Todd". Agora, está na rua com "Brüno", mas já está garantido num filme, ainda sem título, sobre Sherlock Holmes.

Sugerir correcção
Comentar