Multiplicai-vos, por Michael Jackson

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Hoje, no Staples Center de Los Angeles, com lotação para 20 mil pessoas mas com milhões pela TV, o mundo despede-se de Michael Jackson. Cerca de 1,6 milhões de fãs queriam assistir à cerimónia fúnebre, mas apenas 8750 foram escolhidos. Nos últimos dias, de todo o mundo, as homenagens sucedem-se, assumindo formas diversas. Entre elas, os sósias do cantor

a No último filme do realizador americano Harmony Korine, Mr. Lonely - exibido em Portugal no Festival IndieLisboa -, o personagem central é um sósia de Michael Jackson. Primeiro, sorrimos pela bizarria. Depois, aos poucos, percebemos que as aparências enganam e aquela personagem tem mais profundidade do que as lantejoulas, o casaco militar ou os passos de dança robóticos que tenta imitar do seu modelo deixam transparecer. É uma grande lição, aquela que o filme acaba por nos transmitir: mesmo quando tentamos ser outro, somos sempre nós próprios. Nestes dias que se seguem à morte do cantor, e quando a poderosa encenação mediática à sua volta gera as mais diversas reacções, é natural que o efeito Michael Jackson potencie ainda mais o decalque na roupa, no penteado, nas expressões, nos passos de dança, entre eles o famoso moonwalk. Como homenagem, manifestação de idolatria ou simples catarse pela sua morte, multiplicam-se os sósias de Jackson por todo o mundo, demonstração de universalidade.
Nem Madonna resistiu à febre dos sósias. No tributo realizado anteontem, no Arena 02, em Londres - simbolicamente, a sala onde Jackson iria actuar este mês -, a cantora contou com a colaboração de um sósia de Michael Jackson, enquanto interpretava Holiday.
Por todo o mundo, eles dançam ao espelho, no quarto. Ou dançam nas ruas, espontaneamente. Ou cantam em festas organizadas de homenagem, em clubes e discotecas. Prestam-lhe tributo, envergando roupas semelhantes, com jaqueta, camiseta, luvas, meias brancas, pondo chapéus na cabeça, colocando óculos de sol, aparando madeixas pela cara, aclarando a pele em alguns casos.
Todos eles tentando parecer-se, exteriormente, o mais possível com o seu ídolo. Mesmo que, no fim de contas, como o filme de Harmony Korine mostra, saibam que quando estão a tentar vestir outra pele, é a sua própria pele que está a ser mostrada. Até porque todos sabem que Jackson será sempre Jackson. Inigualável. Vítor Belanciano

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