O cheque que colocou Pinho em xeque

A estranha reacção do então ainda ministro da Economia a um aparte do deputado comunista Bernardino Soares é reveladora das indefinições que têm marcado a retoma da actividade mineira em Aljustrel. A história da entrega de um cheque no valor de cinco mil euros, oferta da EDP, ao clube de futebol da terra e que envolveu directamente Manuel Pinho deixou os mineiros ainda mais cépticos em relação ao papel do ex-governante no processo.

Este episódio protagonizado pelo ex-ministro ocorreu a 23 de Dezembro, dia escolhido pelo primeiro-ministro para se deslocar a Aljustrel e "selar" o acordo entre a Lundin Mining e os irmãos Martins. Depois da cerimónia, quando o primeiro-ministro se preparava para regressar a Lisboa, foi abordado por um dirigente do Sport Clube Mineiro Aljustrelense no sentido de participar, ao lado de Pinho, numa prova de atletismo.

Mês e meio depois, o ex-governante deslocou-se a Aljustrel para assistir a um jogo de futebol do clube e para ser homenageado "pelo seu papel no encontro de uma solução para as minas". E foi nesse encontro, desconhecido pelo sindicato e pela autarquia local, que Pinho aproveitou para entregar um cheque no valor de cinco mil euros, oferecidos pela EDP.

A história foi retomada durante o último debate sobre o Estado da Nação, com as consequências que são públicas. Entretanto, já circula nos locais de encontro de alentejanos uma explicação para a mímica que colocou Pinho fora do Governo. Diz-se que o gesto do ex-governante foi apenas e tão-só um convite a Bernardino Soares para que os dois fossem beber um café a Barrancos.

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