Irão: Conselho dos Guardiões reitera legitimidade da reeleição de Ahmadinejad

Foto
Ahmadinejad deslocou-se ontem a Assalouyeh para inaugurar uma instalação petroquímica REUTERS/Sajjad Safari

“Podemos dizer com toda a certeza que não houve nenhuma fraude no escrutínio”, asseverou o porta-voz dos Guardiães, Abbasali Kadkhodai, citado pela agência noticiosa estatal iraniana Irna, insistindo que não ocorreu qualquer irregularidade fraudulenta e que o sufrágio foi “inatacável”.

Dois dos candidatos derrotados pelo ultraconservador Ahmadinejad, o clérigo pró-reformas Medhdi Karoubi e o antigo primeiro-ministro iraniano moderado Mir-Hossein Mousavi, continuam a exigir a anulação dos resultados, alegando que foram cometidas diversas irregularidades.

O próprio Conselho admitia, de resto, há apenas três dias que havia irregularidades em três milhões de votos e reconhecera que fora detectada uma participação de mais de 170 por cento em várias circunscrições eleitorais. Mas, e isso era sublinhando desde então, os Guardiões não consideravam que estas inconsistências tivessem uma influência importante nos resultados – logo afastando qualquer possibilidade de anular o sufrágio que deu o triunfo a Ahamadinejad com 63 por cento dos votos.

Os protestos maciços que expressaram claramente a profunda cisão social e política no Irão na sequência do anúncio dos resultados oficiais a 13 de Junho, no dia seguinte às eleições, perderam vigor nas ruas desde o início desta semana, após um cerrado apertar de segurança por parte das autoridades. Centenas de activistas e manifestantes terão sido detidos e pelo menos 17 pessoas – incluindo o “rosto da oposição”, a jovem Neda Solan – foram mortos.

Ahmadinejad – assim como antes o Supremo Líder iraniano, o ayatollah Ali Khamenei, que detém a última e mais poderosa palavra nos assuntos do país – aponta responsabilidades às potências ocidentais pela tensão que se vive no país, tendo mesmo acusado ontem o Presidente norte-americano, Barack Obama, de “interferir” nos assuntos internos do Irão depois de este se ter expressado “chocado e indignado” com a violência com que as autoridades reprimiram as manifestações contra o regime de Teerão.

A Casa Branca, aliás, devolveu ainda ontem à noite as acusações. “Há pessoas no Irão que querem transformar isto num debate sobre o Ocidente e os Estados Unidos em vez de um debate entre iranianos sobre o Irão”, observou o porta-voz da Administração Obama, Robert Gibbs, deixando claro que põe Ahmadinejad nessa lista de “pessoas que estão a tentar fazer disto uma questão sobre os Estados Unidos”.

Sugerir correcção
Comentar