Comentário: Único e irrepetível, por Vítor Belanciano

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Michael Jackson Mike Segar/Reuters

Na actualidade, a aldeia global parece fabricar estrelas todos os dias, mas ele continuava um fenómeno único e irrepetível. Pela música. Pela personalidade. Pelas idiossincrasias. E pelo facto de ser uma das últimas estrelas universais, intergeracionais, duráveis. Dos anos 80, resta apenas Madonna.

O fenómeno Jackson não pode ser dissociado de outro facto, a MTV, revolução televisiva, mas também cultural e social. Nos anos 80 já não bastava ter uma boa canção. Era preciso criar uma boa imagem para ela. Ter a atitude certa. A representação tomava o lugar da autenticidade. E com Jackson, a MTV abria as portas à pop negra. Ele transformavase num estilo de vida. Encarnava a publicidade mas também as grandes operações humanitárias como We Are The World. Na primeira metade dos anos 80 é coroado como “Rei da pop”. Aos 24 anos parecia eterno.

Quando passa os trinta já é a vida privada que capta as atenções. O último álbum, Invincible (2001), é um insucesso comercial. Toda a gente procurava explicações para os seus comportamentos. Uma infância e adolescência inexistentes. Não conheceu mais do que o mundo artístico industrial. Estava programado para ser estrela. Nunca foi humano. Era, quando muito, pós-humano, representação de um modo de vida, dizia-se. Aos 50 anos, quando se preparara para um regresso dramático, ninguém sabia do que seria ainda capaz. Agora, o mistério perdurará, para sempre.

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