Cascais quer reduzir “pegada ecológica”

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Os resultados permitirão à Câmara de Cascais planear a médio e longo prazo a redução da sua pegada ecológica Marlilyn Marques (arquivo)

Cascais possui uma “pegada ecológica” acima da média nacional, estimada em 5,2 hectares globais, a área necessária a cada pessoa para produzir o que consome e absorver os resíduos que produz. Esta avaliação, segundo o vice-presidente da autarquia, Carlos Carreiras, permitirá “antecipar medidas para proteger o ambiente e promover o desenvolvimento sustentável do concelho”.

Um estudo realizado pela Agenda Cascais 21 em colaboração com o Centro de Estudos e Estratégias para a Sustentabilidade calculou a “pegada ecológica” de Cascais com base em determinadas variáveis como a alimentação, mobilidade e transportes, habitação, bens de consumo e serviços. A área abstrata (hectare global) apurada permite relacionar, numa mesma unidade, hectares com produtividade biológica diversa. No caso de Cascais, a “pegada” de 5,2 ha é superior em 18 por cento à média nacional (4,4 ha) e fica acima da média da União Europeia (4,7 ha). Estes valores ficam abaixo de cidades como Marin (EUA), com 10,9 ha; Vistoria (Autrália), com 8,1 ha, e Londres, com 6,63 ha.

“Se todos consumissem como os habitantes de Cascais seriam precisos dois planetas e meio”, comentou Carlos Carreiras, salientando que o estudo, elaborado em parceria com a Global Footprint Network, vai contribuir para a autarquia “planear a médio e longo prazo para que venha a ter uma pegada ecológica menor”. De acordo com as várias “sub-pegadas” de Cascais, cada habitante precisa de 52 por cento de área para absorção do C02 que produz; de 24 por cento de área agrícola, para a produção de alimentos; de dez por cento de terrenos de pastoreio, para a alimentação animal; de nove por cento para a produção piscícola; quatro por cento de floresta (para diversas actividades), e um por cento relacionado com a construção (impermeabilização do solo).

Uma fonte do gabinete municipal Agenda Cascais 21 adiantou que, perante os resultados actuais, será preciso “o equivalente a 79 vezes a área do município para satisfazer as necessidades” dos 187 mil habitantes de Cascais. Eugénio Sequeira, da Liga para a Protecção da Natureza, não estranhou que Cascais exiba “uma pegada ecológica elevada” e sublinhou que o cenário não é pior devido à extensa área concelhia no Parque Natural de Sintra-Cascais. O ambientalista, entre as várias medidas para atenuar os impactes, aconselhou a substituição da iluminação pública pela tecnologia de LED, o aumento de recolha de água da chuva, que deve ser usada para rega, o aproveitamento de espaços verdes para a produção hortícola, e a melhoria do sistema de transportes públicos, através da articulação dos diferentes modos e mais estacionamento junto ao caminho-de-ferro.

Almada também já calculou a sua “pegada ecológica”, em 5,82 hectares por habitante, o que se traduziria na necessidade de “três planetas para sustentar” o modo de vida no município da margem sul do Tejo.

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