Saramago chama a Berlusconi “coisa”, “vírus” e “delinquente”

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O artigo de opinião foi publicado hoje pelo "El País" Mauricio Duenas (arquivo)

“Uma coisa perigosamente parecida com um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália.” É assim que começa o artigo de opinião que José Saramago escreveu para o “El País”, referindo-se a Silvio Berlusconi.

O título do artigo de Saramago é “A coisa Berlusconi” porque o escritor não vê que outro nome poderia dar ao chefe do Governo italiano.

“Esta coisa, esta enfermidade, este vírus ameaça ser a morte moral do país de Verdi se um vómito profundo não o conseguir arrancar da consciência dos italianos, antes que o veneno acabe corroendo as veias e acabe destroçando o coração de uma das mais ricas culturas europeias.”

Saramago alega que os valores mais básicos da convivência humana são pisados pelo primeiro-ministro italiano e define-o como um delinquente, palavra que, segundo o escritor, tem em Itália o valor mais negativo de toda a Europa.

O Nobel acusa Berlusconi de, para além de desobedecer a leis, criar outras para “salvaguardar os seus interesses públicos e privados, de político, empresário e acompanhante de menores” – numa clara referência às últimas notícias sobre o político italiano –, acrescentando que “há muito que a coisa Berlusconi caiu na mais completa abjecção”.

“Este é o primeiro-ministro italiano”, escreve Saramago, realçando que o seu comportamento vai manchar a música de Verdi, a acção política de Garibaldi e a Itália do século XIX, que foi um guia espiritual da Europa. E lança uma questão: “Será que os italianos acabarão por permiti-lo?”

Berlusconi tem estado envolvido em vários escândalos nos últimos tempos. Primeiro foi o divórcio da mulher, que o acusou de de ter relacionamentos com menores. Mais recentemente o jornal espanhol “El País” publicou fotografias de uma festa na mansão "Cavalieri" com mulheres em topless à beira da piscina e um homem nu – o antigo primeiro-ministro da República Checa, que já veio dizer que a foto era uma montagem. O primeiro-ministro italiano também foi acusado de utilizar aviões do Estado para transportar convidados para festas privadas.

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