Antigo Presidente da Coreia do Sul Roh Moo-Hyun suicida-se

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A notícia da morte de Roh Moo-Hyun deixou chocados os sul-coreanos Jo Yong-Hak/REUTERS

O antigo Presidente sul-coreano Roh Moo-Hyun, investigado num caso de corrupção envolvendo vários milhões de dólares, morreu hoje na sequência da queda de uma falésia, aparentemente um suicídio, de acordo com familiares e uma carta de adeus que deixou.

A notícia surpreendeu os sul-coreanos e o Presidente Lee Myung-Bak, que qualificou o incidente como “triste e trágico” e ordenou funerais nacionais, “com o respeito e conforme o protocolo previsto para um antigo chefe de Estado”.

Roh Moo-Hyun, Presidente entre 2003 e 2008, caiu de uma falésia perto da localidade de Bongha, onde morava desde que se retirou da vida política, informou a polícia. A estação de televisão YTN disse que deixou uma carta onde se lia: “Não fiquem tristes; a morte e a vida não são a mesma coisa?”

“O Presidente Roh saltou de uma rocha, nas montanhas por detrás da aldeia de Bongha”, afirnou o seu antigo secretário, Moon Jae-In, que se referiu também à carta de despedida.

A cadeia televisiva disse que a família pretende incinerar o corpo e erguer uma placa de homenagem na localidade.

Roh, 62 anos, saltou no momento em que o seu companheiro de caminhada estava distraído. Não morreu logo. Ferido com gravidade, foi levado para o hospital, onde não resistiu.

O antigo Presidente estava a ser investigado num caso de desvio de um milhão de dólares para a mulher por um rico comerciante de calçado, e ainda o pagamento por este último de cinco milhões de dólares ao marido de uma das suas netas. Na mensagem que deixou, escreve: “Foi muito duro. Causei muitos problemas a muita gente.”

Roh Moo-Hyun, eleito em parte devido a um programa contra a corrupção, desculpou-se publicamente pela implicação da família no caso, mas rejeitou qualquer desfalque pessoal.

Foi o terceiro Presidente sul-coreano a ser convocado pelo procurador, depois de Chun Doo-Hwan e Roh Tae-Woo, condenados à morte por corrupção e incitação à revolta mas agraciados em 1997.

O primeiro-ministro japonês, Taro Aso, manifestou-se “surpreendido” com o falecimento repentino de Roh e apresentou as suas condolências à família e à Coreia do Sul.

Roh Moo-Hyun, advogado de formação, foi defensor das vítimas da ditadura do princípio dos anos de 1980 e um paladino pró-democracia.

Na sua luta pelas liberdades, passou pela prisão em 1987, por ter feito uma incitação à greve, depois do que se voltou para activamente para a política, enquanto deputado.

Já no poder, foi artesão de um período de degelo nas relações, sempre muito tensas, com o regime comunista da Coreia do Norte.

Mas já no fim do seu mandato, a sua governação e a sua reputação foram feridas por vários escândalos de corrupção.

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