Linha ferroviária do Algarve é alternativa para transporte de mercadorias para a Andaluzia

Takargo vai construir terminal em Faro e já ultrapassou a CP no transporte internacional

a A Takargo, operador ferroviário do grupo Motal-Engil, vai desviar para o Algarve parte do seu tráfego que realiza entre Lisboa e Elvas, tendo em conta que mais de 30 por cento dos contentores transportados para a fronteira de Badajoz seguem depois por via rodoviária para a Andaluzia. "Vamos criar uma nova frente em Vila Real de Santo António para chegar a Sevilha e Málaga", disse ao PÚBLICO Pires da Fonseca, administrador daquela empresa.Mais do que desviar um tráfego - que assim vai directamente de Lisboa até perto de Huelva ,em vez de subir a Badajoz - o objectivo da Takargo é conquistar igualmente o mercado andaluz que é gerador de transporte de óleos, azeite, leite, refrigerantes e vasilhame, entre outros produtos.
Para já, devido às restrições da ponte ferroviária de Tavira, os comboios de mercadorias ficarão num terminal que o grupo Mota-Engil pretende implementar entre Loulé e Faro e no qual Pires da Fonseca deposita esperanças que possa vir a ser uma plataforma logística importante também para o mercado algarvio. A ideia é que o transporte ferroviário venha a ganhar alguma quota aos enormes fluxos de mercadorias que, especialmente nos meses de Verão, abastecem o Algarve.
Este mercado nem sequer seria disputado à CP, uma vez que a transportadora pública praticamente só opera com inertes (areias e cimentos) para o Sul do país. A excepção a esta regra é o bem-sucedido transporte de combustível para aviões a jacto de Sines para Loulé, a fim de abastecer o aeroporto de Faro.
Em Vila Real de Santo António, porém, a CP Carga há muito que chega ao mercado espanhol, uma vez que grande parte dos comboios de cimento que para ali efectua se destina ao outro lado da fronteira, sendo o transporte efectuado em camião.

Resultados positivosNo que concerne aos grandes eixos de transporte ibérico, a Takargo já conseguiu - um ano depois de se ter estreado neste mercado - ultrapassar a CP e ser líder dos comboios de mercadorias entre os dois países. Com uma parceria com a Comsa, este operador privado já explora com carácter regular três corredores que ligam Lisboa e Setúbal a Madrid, Barcelona e Saragoça.
Com destino a esta última a empresa realiza quatro comboios por semana para transporte de papel e de pasta de papel, tendo ainda duas ligações semanais a Barcelona, para onde leva também pasta de papel e produtos químicos, regressando também com pasta de papel, produtos químicos e detergentes.
Semanalmente opera também um comboio de contentores para Madrid, dando continuidade ao tráfego marítimo dos portos de Setúbal e Alcântara. No regresso, a Takargo assegura praticamente a totalidade da exportação espanhola para Angola, que vem sobre carris embarcar em Portugal.
Pires da Fonseca diz que a sua empresa deverá ter resultados operacionais positivos de 1 milhão de euros já no final deste ano, numa facturação estimada em 14 milhões. Em contrapartida, a CP facturou 75 milhões de euros em 2008 pelo transporte de 10,4 milhões de toneladas de mercadorias. Os seus resultados operacionais são ainda um segredo de Estado, porque a empresa não os divulga sem autorização do Governo, mas o PÚBLICO apurou que os prejuízos se agravaram em relação ao ano anterior.
Segundo Pires da Fonseca, a Takargo vai criar uma nova frente em Vila Real de St.º António para chegar a Sevilha e Málaga

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