Torre de Foster de Lisboa poderá não sair do papel

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A torre projectada por Norman Foster para a Boavista DR

O arquitecto britânico Norman Foster recebeu esta quarta-feira o prémio Príncipe das Astúrias em Artes, mas o projecto que tem para Lisboa, uma torre de 27 andares em Santos, ao pé do rio, poderá nunca sair do papel – tal como aconteceu com outros grandes nomes da arquitectura mundial que projectaram a obra para Lisboa.

Questionado sobre se o projecto para o chamado aterro da Boavista irá por diante nos moldes em que Foster o concebeu, o vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, não deu certezas: “O plano, que já é antigo, vai ter de ser submetido a discussão pública. E a torre que ele inclui é polémica, tem levantado contestação”.

Já para a vereadora social-democrata Margarida Saavedra, o edifício que a Câmara de Lisboa permitiu que esteja a crescer no terreno ao lado, uma obra de Manuel e Francisco Aires Mateus que vai albergar a sede da EDP, compromete a torre de Foster, encomendada por um grupo privado. “Tal como foi aprovada, com espaço livre à volta, ela fazia sentido. Mas o edifício que está a ser construído atravanca o espaço, prejudicando o enquadramento da torre”, observou a autarca. “Norman Foster [também já galardoado com o prémio Pritzker em 1999] não merece isto”, acrescentou Saavedra.

Manuel Salgado explicou que tanto o plano de pormenor da zona nascente do aterro da Boavista, onde ficará a sede da EDP, como o da zona poente, que diz respeito à área para a qual trabalhou o britânico, deverão ser apresentados proximamente na reunião de câmara. “A ideia é compatibilizar os dois planos”, referiu. Margarida Saavedra criticou também o arrastar das decisões na autarquia, que levam muitas vezes os investidores a optar por fazer obra em outros concelhos onde os processos são analisados com mais celeridade, e destacou Oeiras como exemplo.

Elevadores aprovados

Mais próximo de concretização está o elevador com que a Câmara de Lisboa quer ligar a Baixa ao Castelo de S. Jorge. Na realidade, são dois elevadores, um primeiro saindo da Rua dos Fanqueiros até ao Largo do Caldas e um segundo, panorâmico, arrancando da base do mercado de Chão de Loureiro até ao seu topo. A obra foi aprovada na reunião do executivo camarário, mas não sem reparos. Quem chegar ao final deste percurso terá ainda uma subida a fazer a pé para chegar ao castelo, criticou a vereadora social-democrata.

Por outro lado, acrescentou, a empreitada adjudicada em 2006 à Soares da Costa por dois milhões de euros para fazer um silo automóvel no mercado não contemplava o elevador – portanto, a bem da transparência será necessário fazer novo concurso público, já que entre o silo e o elevador serão gastos cinco milhões, defendeu.

Mas os sociais-democratas votaram vencidos neste caso. Do projecto fazem parte um restaurante panorâmico no topo do mercado e um supermercado no rés-do-chão.

Entretanto, o presidente da câmara, António Costa, anunciou que não desiste da intenção de gastar meio milhão de euros provenientes da parte das receitas do Casino de Lisboa a que a autarquia tem direito em duas exposições das colecções de arte africana de Joe Berardo e José Guimarães.

Segundo explicou António Costa, parte daquela verba - 200 mil euros - destina-se a climatizar o espaço do Terreiro do Paço onde as mostras terão lugar, o Pátio da Galé, um local que a autarquia mantém arrendado ao Estado.

Na iniciativa está também envolvida a vereadora dos Cidadãos Por Lisboa, Manuela Júdice, mas a cabeça de lista deste movimento, Helena Roseta, já veio dizer que nada tem a ver com as exposições, contra as quais votará por considerar tratar-se de um gasto excessivo.

“Não é a primeira vez nem será a última que os membros dos Cidadãos por Lisboa têm posições diferentes entre si”, declarou Helena Roseta.

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