Projecto pretende digitalizar todos os jornais portugueses editados nos EUA até 1970

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O jornal português mais antigo terá sido "A Voz Portuguesa", publicado por um brasileiro em 1870 DR

O projecto "Portuguese American Digital Newspaper Collection", do Centro de Estudos Portugueses da Universidade de Massachusetts Dartmouth, procura mecenas para digitalizar "todos os jornais portugueses publicados nos Estados Unidos até 1970", disse à Lusa Frank Sousa.

Segundo o director do Centro de Estudos e Cultura Portuguesa desta universidade, que colocou recentemente online mais de 80 mil páginas do "Diário de Notícias", o diário português publicado nos Estados Unidos entre 1919 e 1973, o projecto tem já autorização para digitalizar dois dos mais antigos jornais portugueses publicados na Califórnia, um dos quais ainda do século dezanove.

"Na digitalização do Diário de Notícias foram gastos cerca de 150 mil dólares, 100 mil dos quais vieram do governo regional dos Açores e o resto de dois empresários portugueses da Nova Inglaterra", explicou Frank Sousa.

"Agora estamos a negociar outros patrocínios e esperamos que as entidades públicas e privadas vejam neste projecto um objectivo tanto popular como académico, pois trata-se de preservar estes documentos da história da emigração portuguesa para as gerações futuras e disponibilizá-los para o mundo através da Internet", acrescentou.

"Os jornais são o primeiro rascunho da história da emigração portuguesa na América e permitem-nos reconstruir os momentos dessa história e saber a forma como a nossa comunidade era vista, não só pelos americanos, como por si própria, pois estes jornais estão cheios, não só de notícias, como de editoriais e artigos de opinião", explicou Frank Sousa.

É por isso que, segundo disse, o Centro pretende digitalizar nos próximos cinco anos todos os títulos portugueses publicados nos Estados Unidos com interesse histórico até 1970, incluindo os primeiros ainda no século dezanove, caso do Jornal de Notícias, publicado em Eire, Pensilvânia, de 1877 a 1884, e o Progresso Californiense, publicado na Califórnia durante um curto período de tempo e que depois daria origem ao União Portuguesa, nas bancas até 1924.

Ainda na Califórnia, em São Francisco, onde nos fins do século dezanove se fixou uma enorme comunidade de origem lusa, o jornal português mais antigo terá sido A Voz Portuguesa, publicado por um brasileiro em 1870, na então conhecida "rua dos portugueses", a Market Street.

Apelo a doações

Frank Sousa espera que a comunidade portuguesa se aperceba da importância de preservar estes documentos e apela também à família e herdeiros dos editores que possuam materiais que os emprestem ou doem à Universidade a fim de serem tratados e digitalizados.

"A maioria destes jornais está a desfazer-se em virtude do papel em que foram publicados ser ácido e, se não forem tratados por profissionais, dentro em breve desfazem-se em pó, perdendo-se para sempre", disse Frank Sousa.

"A Universidade tem os meios e o "know-how" para fazer todo este processo e os originais são preservados nas condições ideais, como aconteceu com o Diário de Notícias", acrescentou.

Frank Sousa disse ainda que a disponibilização destes jornais online permite um acesso rápido e uma leitura cómoda ao grande público, além de facultar os documentos aos investigadores de todo o mundo, esperando que os académicos possam usar estes recursos nas suas investigações.

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