Nova agência quer tornar Lisboa mais criativa e projectos culturais mais rentáveis

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Assumindo-se como “negócio”, os projectos precisam de público Miguel Madeira

Agência para as Indústrias Criativas lançada com uma série de debates na Culturgest

Michael DaCosta Babb ouve frequentemente estrangeiros dizerem "vocês têm coisas fantásticas em Lisboa, porque é que não sabemos disto?". É por isso que este britânico, especialista em marketing e indústrias culturais, acredita que a cidade "está com um volume de cinco ou seis, e devemos aumentar o som para sete ou oito". Para que mais pessoas a ouçam.

Babb foi convidado pelo galerista e gestor cultural Luís Serpa para coordenar o grupo de reflexão ligado à Agência para as Indústrias Criativas, que Serpa apresentou ontem na Culturgest, em Lisboa. O grupo de reflexão reuniu-se entre os dias 7 e 9 para debater "uma nova forma de pensar sobre a criatividade na cidade" e uma das conclusões a que chegou, segundo Babb, foi que existem óptimos espaços vazios em Lisboa e que é preciso criar estímulos para que sejam ocupados com projectos, mais ou menos temporários, ligados às indústrias criativas.
Como é que isso se pode conseguir, e como é que estes projectos podem ser economicamente sustentados é o que será discutido na Culturgest numa série de mesas redondas (dias 21 e 22) e de conferências (28 e 29). Agentes culturais, programadores, arquitectos, urbanistas e economistas vão debater a "deriva das indústrias culturais para as indústrias criativas" e temas como "uma política sustentável das cidades", a "percepção do espaço urbano" ou "empreendedorismo, inovação e novas tecnologias" - debates nos quais participarão, entre outros, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, o presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, o coordenador nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, Carlos Zorrinho, os arquitectos Manuel Aires Mateus e Carrilho da Graça, e ainda o arquitecto britânico Ken Hogg, do atelier de Norman Foster.

Central de compras

E onde querem Luís Serpa e André Dourado, director executivo, chegar com este projecto centrado na área metropolitana de Lisboa? Para já, a uma estrutura - a tal Agência para as Indústrias Criativas - que agrupe agentes (produtores de conteúdos mas também fornecedores de serviços e canais de distribuição, por exemplo) de várias áreas, da arquitectura à publicidade, da moda à gastronomia, passando pela edição, os audiovisuais, as artes performativas e o cinema e vídeo.

Para perceber como é que uma estrutura deste tipo pode funcionar e, sobretudo, como pode ter viabilidade financeira - não há que ter medo da palavra "negócio" quando se fala de cultura, disse Serpa -, pediram a ajuda da consultora McKinsey&Company, para delinear a estratégia global, do escritório de advogados PMLJ para o enquadramento jurídico e de Carlos Coelho da Ivity para o branding.

Serpa anunciou, no final da apresentação, que os interessados têm o mês de Maio para fazer uma pré-inscrição na agência, e que esta deverá começar a funcionar "antes do Verão".
O plano de sustentabilidade assenta, entre outras coisas, numa ideia-chave: uma central de compras electrónica que permitirá aos membros adquirirem material de economato, telemóveis, material informático, viagens, publicidade, em pacotes que poderão ser negociados a preços mais baixos, explicou Serpa, que fala mesmo numa redução de "dez a quinze por cento dos custos".

Depois, com base em parcerias estratégicas com instituições públicas e privadas, pretende pôr de pé projectos culturais ("o capital de risco vai ser muito importante"), com "grande rigor económico na selecção" dos que serão apoiados. Para isso, "a capacidade de atrair público é fundamental", tal como a possibilidade de projecção internacional dos projectos.

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