Projecto para as Sete Fontes contestado em Braga

A O projecto para a criação de um parque urbano à volta do complexo monumental das Sete Fontes, em Braga, foi apresentado no passado fim-de-semana e está a motivar a contestação das associações de defesa do património e dos partidos da oposição. O estudo prévio para o local prevê que sejam criadas uma área urbanizável e duas estradas junto do sistema de abastecimento de água da cidade, datado do século XVIII.A Câmara de Braga propõe a criação de um parque urbano de 16 hectares, que inclua as mães-d'água e os canais do sistema aquífero, mas os terrenos envolventes serão destinados à construção, o que tem motivado críticas. A autarquia optou pelo limite mínimo de protecção de monumentos definido por lei (50 metros) e considerou mais de um terço do espaço protegido como área de construção condicionada.
O vice-presidente da câmara, Nuno Alpoim, garante que o projecto "não é definitivo" e que está a fazer "aquilo que mais se adapta à concretização do parque urbano". O vereador lembra que os terrenos envolventes ao complexo monumental são privados e que a autarquia "não tem condições para os adquirir", pelo que decidirá caso a caso quanto à viabilização dos projectos apresentados para a área edificável.
A estrada de acesso ao novo hospital de Braga vai passar entre as fontes, através de um viaduto, mas o projecto, dado a conhecer durante a Feira das Freguesias, prevê uma segunda ligação rodoviária, que circunda o monumento, para acesso à zona urbanizável. A proposta prevê também a recuperação dos sistemas de canalização do complexo e a requalificação dos espaços verdes, com a criação de equipamentos desportivos e zonas de lazer. A câmara está à espera de "luz verde" do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, a quem foi apresentado o projecto no final do mês passado.
Firmino Marques, presidente da Junta de S. Victor, considera que o estudo propõe "esventrar o monumento" e é uma tentativa de "asfixiamento deliberado" das Sete Fontes. A junta e as associações de defesa do património Aspa e Jovem Coop vão reunir-se nos próximos dias para apreciar a proposta. As três entidades, que em Fevereiro organizaram uma marcha de sensibilização para o monumento que juntou 400 pessoas, queixam-se de que a autarquia as ignorou. "O projecto tem tudo para correr mal porque a câmara não se tem rodeado de quem melhor conhece o terreno", critica Ricardo Silva, dirigente da Jovem Coop.
Entre os políticos, Ricardo Rio, do PSD, considera a proposta "minimalista". "Aquilo que já vimos não nos deixa particularmente satisfeitos", defende. João Delgado, do Bloco de Esquerda, considera que a câmara vai "encurralar as Sete Fontes entre acessibilidades e edificações", lamentando que tenham sido definidos os limites de protecção mínimos previstos pela lei.
A Câmara de Braga optou por impedir construções apenas no limite mínimo de protecção às fontes

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