O Manège Carré Sénart foi criado por François Delarozière

a Mais uma corrida, mais uma viagem. Aqui não há girafas, cavalinhos ou cadeiras que rodam e só crianças a bordo. Há três búfalos gigantes, quatro insectos trepadores, dez insectos em carris e três cabeças de peixe, entre outras criaturas, e a "ficha" da bilheteira serve para a família, crianças e adultos incluídos. Criado para assinalar o centro da nova cidade de Sénart, nos arredores de Paris, o carrossel francês anda pelo mundo e está na zona ribeirinha de Portimão até 3 de Maio. A história é simples. A nova cidade queria marcar o centro com uma obra única. François Delarozière, inventor e construtor de objectos em movimento e arquitecturas vivas, que dirige a empresa La Machine, recebeu a encomenda e enfrentou o desafio. Decidiu invocar o "bestiário singular da região de Sénart". Deixou-se levar pelo seu "sonhar acordado e memórias de infância das terras agrícolas", como confessou ao Le Monde, que o descreve como um desenhador de um carrossel de utopias, semelhante a uma barraca de feira alucinante. François Delarozière quis criar uma obra capaz de unir os habitantes, primeiro de Sénart e agora de outras cidades, numa viagem sobre "o singular, a criatividade e a festa".
Cada criatura foi feita à medida durante dez meses nas oficinas da empresa La Machine, em Nantes, por uma equipa de mais de 50 pessoas, que incluía artistas, escultores de madeira, engenheiros e especialistas em electromecânica e hidráulica, entre outros técnicos. Uma tarefa delicada de sincronização de peças que tem ainda a característica especial de puderem ser manipuladas por quem embarca na viagem. Os adultos e as crianças podem accionar partes dos "bichos". "São como enormes marionetas, pudemos brincar com as orelhas, os olhos, as patas, as caudas... é como um pequeno teatro animado", explicou ao P2 Jean Michel Puiffe, um dos directores do Manège Carré Sénart.
"Quisemos dar uma razão aos cem mil habitantes de Sénart de ficarem muito orgulhosos da sua cidade. Um objecto que fizesse sonhar e que eles pudessem gozar juntos e partilhar, mas também uma embaixada que viaja pelo mundo". A estrutura, que custou mais de um milhão de euros, tem proporções consideráveis: 18 metros de largura numa superfície de 300 metros quadrados, uma base de 40 toneladas. O Manège Carré Sénart passou por Madrid (Espanha), está desde o dia 4 de Abril em Portimão e no dia 3 de Maio parte para Antuérpia (Bélgica), depois Londres, Paris, etc...
O Manège Carré Sénart é o terceiro carrossel de François Delarozière (antes fez o Catimini e o Andréa) e mais uma das suas muitas provocações itinerantes. François é o mesmo criador do elefante gigante (Sultan's Elephant) feito de madeira, com 50 toneladas, que andou pelas ruas de Londres em 2006 numa viagem não anunciada e muito divulgada. É também o autor da aranha metálica de 38 toneladas, chamada Princesa, que esteve pendurada de uma torre em Liverpool, durante as comemorações da Capital Europeia de Cultura em 2008, e que actualmente mergulha as suas longas patas nas águas da cidade de Yokohama, no Japão, para as comemorações dos 150 anos do porto.
Os "bichos" de François andam pelo mundo a espantar as crianças e não só. Quando a aranha de Liverpool foi mostrada em Setembro do ano passado, The Guardian noticiou a reacção da multidão de pessoas que esperou à chuva pela maravilha da engenharia e, entre gritos, berros e medos, fez também saber que um corajoso espectador acompanhado pelos seus pais queria levar a Princesa, de 38 toneladas e 12 metros, para casa. À semelhança da incomportável aranha, as improváveis criaturas do carrossel que estacionou em Portimão também não podem ser levadas para casa. Mas a memória de uma viagem pode.