Vialonga vai ter unidade de cuidados continuados

a O palácio setecentista da Flamenga vai ser transformado numa unidade de cuidados continuados com 200 camas, de acordo com um protocolo aprovado na última reunião da Câmara de Vila Franca de Xira. O imóvel, situado em Vialonga, funcionou durante décadas como sanatório e extensão do Hospital de Vila Franca de Xira, mas a sua degradação obrigou à desactivação dos serviços na década de 80. Nos últimos anos, o mau estado do palácio agravou-se e a câmara obteve a sua cedência após demoradas negociações com a Administração Regional de Saúde e a antiga Direcção-Geral do Património do Estado. Agora, a autarquia vai ceder o uso do imóvel a uma sociedade constituída pela Fundação CEBI de Alverca e por uma empresa especializada na área dos cuidados continuados de saúde. A sociedade propõe-se investir cerca de 8 milhões de euros na recuperação e adaptação do imóvel, prevendo que a unidade comece a funcionar dentro de dois anos.
De acordo com Maria da Luz Rosinha, presidente da câmara, a criação de unidades deste tipo é uma necessidade premente na região, até porque o Hospital Reynaldo dos Santos tem uma capacidade (230 camas) muito limitada para os cinco concelhos que serve.
Carlos Coutinho, vereador da CDU, colocou muitas reservas ao teor do protocolo, frisando que a nova sociedade que vai desenvolver o projecto é constituída por duas entidades, mas que a Fundação CEBI tem "apenas" 20 por cento do capital e o parceiro privado detém o restante. "A parte com 20 por cento não terá nenhuma capacidade de decisão. Se o facto de ter a participação de uma IPSS nos dá algum conforto, quando se trata de questões deste género não vemos onde se possa recolher esse conforto, se essa instituição do concelho não tem qualquer possibilidade de fazer valer aquilo que pretende", observou o autarca comunista, questionando também se haverá garantias de que todos os cidadãos terão acesso à UCC em iguais condições ou se haverá privilégios para os mais ricos.
Maria da Luz Rosinha salientou que a participação da CEBI tem a ver com o dinheiro que a instituição de Alverca está disponível para investir. "Estamos a falar de um investimento que ronda os 8 milhões de euros", frisou, adiantando que o parceiro privado já tem unidades semelhantes em vários pontos do país e que foi inclusivamente indicado pela Unidade de Missão dos Cuidados Continuados, departamento do Ministério da Saúde com responsabilidades nesta área.
"A proporção das participações é uma coisa a que a câmara é alheia, resulta do entendimento entre as partes. É um investimento que vai ter protocolos com a Segurança Social e com a Saúde. Tem um controlo desde logo apertado em relação a qualquer serviço que preste", prosseguiu Maria da Luz Rosinha. Rui Rei, vereador da coligação PSD/CDS-PP, afirmou que não defende que a saúde tenha que ser assegurada exclusivamente pelo Estado e considerou que "este acordo é o que permite que aquele equipamento possa ser colocado ao usufruto da população".

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