Livraria Ler Devagar vai abrir em Alcântara na Lx Factory e Zita Seabra já se instalou no Bairro Alto

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A Ler Devagar abre dia 23 Pedro Cunha

A livraria Ler Devagar vai instalar-se no pólo de indústrias culturais de Alcântara Lx Factory, onde abre as portas no próximo dia 23. Para assinalar esta data em que se comemora o Dia Mundial do Livro, a livraria promove quatro dias de festa, com uma feira de cem mil livros, concertos, debates e outras actividades.

A chegada da Ler Devagar à Lx Factory não é, de resto, a mera chegada de uma livraria a Alcântara: o responsável pela Ler Devagar, José Pinho, propõe-se dinamizar o recinto, com concertos promovidos pela livraria, exposições e teatro. Isto porque, além do seu próprio espaço - um armazém onde funcionava uma rotativa que imprimia jornais, e que fará parte do mobiliário da nova livraria -, a Ler Devagar ainda vai ter programação própria na grande sala de espectáculos da Lx Factory. E irá também usar um dos últimos andares das antigas instalações industriais desactivadas, que tem uma impressionante vista para a cidade e para o rio. "Vamos ter um programa cultural permanente das quartas aos sábados", explica José Pinho. A livraria funcionará entre o meio-dia e a meia-noite, fechando duas horas mais tarde às quintas, sextas e sábados.

Depois da Fábrica de Braço de Prata, onde criou um pólo cultural, e das livrarias da Galeria Zé dos Bois, da Cinemateca e do Instituto Franco-Português, este é o quinto espaço aberto pela Ler Devagar, que conta já com 150 accionistas.

E qual é o segredo para conseguir continuar a crescer em época de crise? "Como não temos grandes despesas de instalação podemos investir tudo em livros", responde José Pinho. Em Alcântara, por exemplo, a Ler Devagar conseguiu uma renda simbólica pelo espaço com a rotativa que está a transformar em livraria; em contrapartida, comprometeu-se a dinamizar o local e a pagar à empresa que gere o espaço uma parte das receitas dos espectáculos que vier a promover. Neste momento já há sete dezenas de empresas instaladas na Lx Factory, de produtoras de filmes a ateliers de arquitectura.

Embora não sejam uma prioridade, a Ler Devagar de Alcântara vai ter alguns best-sellers, como Saramago ou Lobo Antunes. "Mas o que queremos mesmo ter é os catálogos inteiros das pequenas/médias editoras", refere José Pinho. E Paulo Coelho? "Vai ser difícil", responde o responsável pela Ler Devagar, entre risos.

Padaria reconvertida

"Esta não é uma livraria de best-sellers. Os Paulos Coelho não estão cá." Quem assim fala abriu a mais recente livraria de Lisboa. Zita Seabra fundou a editora Alêtheia em 2005 e deparou-se há pouco tempo com a oportunidade de abrir uma livraria na Rua do Século, defronte da loja Tom-Tom, por um preço razoável.

Foi numa antiga padaria que começou a funcionar há menos de uma semana aquela casa de livros destinada aos fundos de colecção - as colecções Argonauta, Vampiro e Dois Mundos também ali estão - e às publicações da Alêtheia, nas quais o discurso quase messiânico de Barack Obama ombreia com as lições de boas maneiras de Paula Bobone.

Depois há Dante, Petrarca... O objectivo de Zita Seabra é ter ali à venda cem mil livros. Os primeiros dias diz que lhe correram bem, tendo em conta o contexto de crise. Entre obras de recuperação do espaço e livros, gastou cerca de 120 mil euros, verba que pensa conseguir recuperar daqui a cinco anos, no máximo. "As pessoas podem chegar aqui e sentar--se num sofá a ler", convida. "E temos um pátio com a roupa dos vizinhos a secar que vai poder ser usado no Verão." O último livro de Maria Filomena Mónica, Passaporte, foi ali lançado.

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