Venda de discos de vinil cresce 54 mil por cento

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Viriato Filipe, da cadeia de lojas FNAC, diz que está criado um "verdadeiro culto" à volta do vinil

Segundo informações da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), a venda de discos de vinil tem registado nos últimos anos"um significativo aumento". Esta tendência ocorre também ao nível mundial.

No primeiro semestre de 2007 foram registados quatro pedidos de discos de vinil das lojas às editoras, ao passo que, em igual período de 2008, registaram-se 2174 pedidos, um crescimento de cerca de 54 mil por cento.

Eduardo Simões, da AFP, vê esta tendência, no entanto, como "pontual". Ainda sem dados que mostrem a tendência do mercado nacional no segundo semestre de 2008, Simões disse à Lusa que "a tendência é para o formato de vinil continuar a crescer nos próximos tempos".

Os dados da AFP, que "representam vendas de editoras e distribuidoras às lojas", são "resultado de uma aproximação de algumas pessoas, particularmente os Djs, ao formato do LP", garante o responsável.

Segundo dados do sistema Nielsen SoundScan, que monitoriza as vendas de discos nos Estados Unidos e no Canadá, o formato de LP vendeu mais em 2008 do que em qualquer outro ano desde 1991, ano de início do sistema Nielsen SoundScan. Este crescimento contrasta com as vendas de CD, que em 2006 foram de 553 milhões e em 2008 de 360 milhões.

Nuno Gonçalves, músico compositor dos The Gift, que recentemente reeditaram toda a sua discografia em vinil, assume a sua "paixão" pelo formato, "mais emotivo, quente e absorvente que qualquer outro".

O músico revelou à Lusa que o primeiro disco da banda de Alcobaça, intitulado precisamente "Vinyl" e editado em 1998, foi "pensado de raiz para esse formato", resultando as reedições do catálogo da banda num "desejo que tínhamos desde há algum tempo no seio do grupo".

Viriato Filipe, director de marketing e comunicação institucional da cadeia FNAC, reconheceu à Lusa que "a aposta comercial neste formato tem tido um aumento significativo que provocou também uma resposta por parte das editoras em Portugal. Até há bem pouco tempo era difícil obter alguns títulos sem ter de recorrer à importação".

Em termos numéricos, Viriato Filipe aponta um crescimento "de cerca de 20 por cento" entre 2007 e 2008, justificando tal subida com o facto de se ter criado à volta do vinil "um verdadeiro culto", que incorpora "o manusear e o contemplar da arte da capa, colocar o vinil no prato, ou os estalidos iniciais", remata.

Jorge Dias, sócio da loja independente Louie Louie com lojas em Porto, Braga e Lisboa, assume a aposta neste formato. "Desde o começo, a abordagem na loja na qual sou gerente [Lisboa] foi a de apostar declaradamente no vinil", reconhecendo no entanto que o formato "cobre um nicho de mercado pouco explorado em Portugal".

A Louie Louie comercializa discos em segunda mão para além das novidades de mercado. O mesmo responsável assumiu à Lusa que "em matéria de novos lançamentos são vendidas mais cópias em vinil do que em CD, mas em matéria de usados os valores são equilibrados".

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