China: mais de 200 famílias levam leite contaminado com melamina ao Supremo

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A acção desafia as tentativas do governo chinês de pôr fim a uma das piores crises de segurança alimentar do país Reuters (arquivo)

O escândalo do leite contaminado com melamina, um químico industrial, causou a morte a seis crianças e intoxicou cerca de 300 mil. No conjunto, cerca de 294 mil crianças tiveram de receber tratamento hospitalar por complicações urinárias, incluindo pedras no rim.

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O escândalo do leite contaminado com melamina, um químico industrial, causou a morte a seis crianças e intoxicou cerca de 300 mil. No conjunto, cerca de 294 mil crianças tiveram de receber tratamento hospitalar por complicações urinárias, incluindo pedras no rim.

As 22 empresas lácteas implicadas no escândalo do leite adulterado com melamina propuseram um plano de compensações de 1,1 mil milhões de yuan (123 milhões de euros) mas muitos pais querem indemnizações mais elevadas e assistência médica a longo prazo para os filhos.

"A razão por que levo este caso a tribunal não é por causa do dinheiro mas pensando no futuro do meu filho", disse Zhang Ge, uma mãe solteira em Pequim que deixou o trabalho para tratar do filho doente.

Julgamento pouco provável

O procurador-geral de Pequim, Xu Zhiyong, disse que os advogados das famílias enviaram hoje o caso ao Supremo para processar as empresas de lacticínios. Mas parece pouco provável que o Supremo julgue o processo, uma vez que os tribunais de pequena instância recusaram até agora uma dúzia de acções sobre este escândalo com repercussões políticas tão sensíveis.

O governo e as companhias lácteas tinham esperança de que o esquema de pagamentos abrandasse a ira pública mas tal não sucedeu. Xu disse que o processo enviado ao Supremo pede uma compensação de 36 milhões de yuan (4,1 milhões de euros) para as famílias, além do pagamento das despesas médicas ligadas aos problemas de saúde que as vítimas terão para o resto das suas vidas.

A melamina, um químico usado para fabricar plásticos e fertilizantes, pode causar complicações urinárias, pedras no rim e paragem renal. Pelo menos três das mortes ocorreram entre Maio e Agosto, nas províncias de Gansu e Zhejiang. Foi um dos maiores escândalos do género na China e alem de ter afectado a reputação de toda a indústria chinesa de lacticínios, evidenciou as debilidades do país em matéria de controlo alimentar.

Três altos funcionários de Shijiazhuang, entre os quais o primeiro secretário do Partido Comunista e o presidente da Câmara, foram entretanto demitidos e o líder da Administração Central do Controle de Qualidade e Supervisão, Li Changjiang, pediu também a demissão.