Genoma do tigre-da-Tasmânia seria demasiado pobre para evitar a extinção

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O tigre-da-Tasmânia existiu na Austrália e na Nova Guiné Reuters (arquivo)

O material recolhido para as colecções de história natural está a dar frutos na era da genética. O último tigre-da-Tasmânia morreu em 1936 no jardim zoológico de Hobart, na Tasmânia, mas agora investigadores norte-americanos e europeus publicaram um estudo na revista “Genome Research” sobre o marsupial, que traça a sua relação evolutiva com outras espécies e mostra que os últimos tigres tinham uma falta de diversidade genética que punha em causa a sua sobrevivência.

O Thylacinus cynocephalus era um mamífero marsupial que tinha um corpo de cão, e listas nas costas parecidas com a dos tigres. Durante o princípio do século XX os últimos indivíduos selvagens foram caçados, o que levou a espécie à extinção. Mas o material biológico recolhido por museus dos Estados Unidos e da Suécia serviu para averiguar o estado genético da população. “Investigar a diversidade genética de uma população é uma chave para compreender a sua vulnerabilidade e deve ser utilizado para medir a urgência da sua preservação”, disse à BBC News Stephan Schuster, professor na Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos e último autor do artigo.

O pêlo de dois tigres-da-Tasmânia foi utilizado para estudar o genoma das estruturas celulares conhecidas como mitocôndrias, que dá boas indicações acerca da distância evolutiva entre as espécies. Uma das conclusões é que o animal mais próximo do tigre-da-Tasmânia é o numbate, um marsupial mais pequeno, que também tem listas nas costas.

Outro dado importante é que a sequência genómica entre os dois indivíduos só variava em cinco das 15.492 unidades que era composto. “As duas sequências eram extremamente parecidas”, explicou Webb Miller, professor da mesma instituição e que também fez parte do estudo. Segundo os investigadores, uma diversidade genética tão baixa pode levar uma população à extinção, por não ser capaz de resistir a uma doença ou a uma alteração no meio ambiente.

A equipa foi responsável pelo estudo do genoma do mamute, desta vez não é a clonagem mas a conservação das espécies que é o mais importante. “O nosso objectivo é aprender como é que se previne as espécies de se extinguirem”, disse Webb Miller. Os cientistas estão a estudar o diabo-da-Tasmânia, outro marsupial já ameaçado que tem sido dizimado por uma doença. Um dos objectivos é cruzar os indivíduos com mais diversidade genética para produzir uma população mais resistente.

E a clonagem?

O tigre-da-Tasmânia existiu na Austrália e na Nova Guiné, mas a competição com o dingo reduziu a sua área de distribuição à Tasmânia, uma ilha ao Sul da Austrália, onde foi caçado até à extinção. Como desapareceu há pouco mais de 80 anos e existem vários espécimes em museus do mundo, pensa-se que seja uma espécie mais fácil de ser clonada. Os autores esperam que este estudo reacenda o debate sobre a clonagem do marsupial.

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