Restaurante Vírgula encerra amanhã com um ano de rendas em atraso

O conceituado restaurante Vírgula encerra amanhã, depois de os seus proprietários terem, há um ano, deixado de pagar uma renda de perto de dez mil euros mensais à Administração do Porto de Lisboa.

Conhecido pela sua comida requintada e com o preço médio da refeição a rondar os 40 euros, o que correu mal ao restaurante encostado ao rio que nasceu há quatro anos num antigo armazém de sal próximo da estação do Cais do Sodré?

“O antigo armazém que arrendámos ruiu durante as obras de adaptação a restaurante e gastámos 650 mil euros a construir o novo edifício que lá está”, responde um dos sócios, Pedro Rodrigues, para quem não é, por isso, justo que a administração portuária tivesse continuado a cobrar-lhe a renda inicialmente prevista “somente por 500 metros quadrados de terreno” à beira-rio.

Esta entidade contrapõe que o contrato que fez com o Vírgula determinou que a reconstrução do armazém ficaria a expensas do concessionário, como aliás aconteceu com todos os restantes estabelecimentos de restauração e diversão nocturna que se instalaram em antigas construções portuárias.

A administração portuária anunciou entretanto que irá baixar as rendas de todos os seus concessionários em 15 por cento durante pelo menos um ano, para os ajudar a enfrentar a crise económica. O proprietário do Vírgula diz, no entanto, que no seu caso isso não é suficiente – embora o restaurante também tenha sentido uma quebra na clientela a partir de Novembro que “veio agravar a situação”.

Pelas contas de Pedro Rodrigues, até há um ano atrás o restaurante havia pago 580 mil euros de rendas ao porto de Lisboa. A falta de pagamento originou uma ordem de despejo, acrescenta. Premiado no concurso gastronómico Lisboa à Prova, o Vírgula já tinha entrado para o guia Michelin de restaurantes. Poderá vir a reabrir noutro local. “Houve uma empresa que nos propôs instalações”, conta o sócio. Carré de borrego assado acompanhado de flores de aboborinhas com queijo de cabra e molho de pimentos assados é uma das especialidades da casa. Outra é a corvina assada com favinhas e morcela da Guarda. A filosofia do restaurante tem passado por cruzar a cozinha tradicional com a cozinha de pesquisa e a de autor.

Para a “última ceia” Pedro Rodrigues promete uma ementa especial, um menu confeccionado pelo chefe Bertílio Gomes.

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