Presidente da Guiné Conacri morre aos 74 anos

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No início de 2007, grandes manifestações populares hostis ao regime e aos predadores da economia nacional foram reprimidos violentamente Saliou Samb/Reuters

Mal foi anunciada a sua morte, durante a madrugada, o primeiro-ministro Ahmed Tidiane Souaré lançou, através da televisão estatal, um apelo à calma e à tranquilidade.

Um capitão do Exército guineense anunciou, porém, já hoje de manhã, a “dissolução” do governo e das instituições republicanas e a suspensão da Constituição na Guiné.

“A partir de hoje, a Constituição está suspensa, bem como toda a actividade política e sindical”, declarou o capitão Moussa Dadis Camara aos microfones da Rádio Conacri.

“O governo e as instituições republicanas foram dissolvidos”, acrescentou, anunciando que entretanto já foi posto em funções um “conselho consultivo composto por civis e militares”.

O mesmo responsável evocou o “desespero profundo da população” e a necessidade de um desenvolvimento económico e de uma luta “contra a corrupção”.

Não havia registo de nenhum incidente mais de duas horas após o anúncio da sua morte.

Aferrado ao poder, apesar da saúde frágil

Militar de carreira, Lansana Conté chegou ao poder no dia 3 de Abril de 1984, graças a um golpe de Estado, uma semana após a morte do primeiro Presidente da Guiné independente, Ahmed Sékou Touré.


Lansana Conté continuou a contar com o apoio dos dirigentes do Exército a fim de poder governar com mão de ferro, com o seu clã, a vida política e económica daquele país africano. Manteve-se aferrado ao poder até esta madrugada, apesar dos seus inúmeros problemas de saúde, incluindo diabetes e uma leucemia.

No início de 2007, grandes manifestações populares hostis ao regime e aos “predadores da economia nacional” foram reprimidos violentamente: pelo menos 186 pessoas morreram e cerca de 1200 ficaram feridas.

Cerca de 53 por cento dos guineenses vivem abaixo do limiar mínimo da pobreza.

Várias organizações não-governamentais denunciam há anos a corrupção e a “gestão calamitosa” que se vivem no país, apesar da riqueza em ferro, ouro e diamantes que jaz no subsolo.

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