Ex-coronel Theoneste Bagosora condenado a prisão perpétua pelo genocídio do Ruanda, em 1994

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Um sobrevivente do genocídio de 1994 no memorial às vítimas, em Kigali, inaugurado em 2004 Radu Sigheti/Reuters

Um tribunal das Nações Unidas condenou hoje a prisão perpétua o antigo coronel Theoneste Bagosora pelo genocídio ocorrido no Ruanda, em 1994.

“O coronel Bagosora é considerado culpado por genocídio e por crimes de guerra e contra a humanidade”, disse o Tribunal Internacional Criminal, para o Ruanda, sedeado em Arusha, na Tanzânia.

Entre várias acusações, Bagosora, com 67 anos, é acusado de ter comandado as tropas e a milícia Interahamwe Hutu no massacre de 800 mil tutsis e hutus moderados.

Em 1994, Bagosora, que sempre se declarou inocente pelas acusações e disse em tribunal não acreditar na “tese de genocídio”, era director de gabinete do ministro da Defesa. Mas reconheceu que os massacres existiram.

Bagosora foi um dos mentores do fracasso das conversações de paz, agindo em conjunto, então, com o líder rebelde Paul Kagame, actual Presidente do Ruanda. Disse então que estava preparado para “preparar o apocalipse”.

Romeo Dallaire, responsável pelas forças de paz da ONU no Ruanda em 1994, sempre apontou Bagosora como o cabecilha dos massacres e contou em tribunal como foi ameaçado por Bagosora com uma arma.

Bagosora, que logo a seguir aos massacres pediu exílio nos Camarões, foi detido em 1996 e levado a tribunal em 1997. O julgamento, contudo, só começou em 2002 e levou cinco anos.

Theoneste Bagosora nasceu a 16 de Agosto de 1941 em Gisenyi, terra de grande parte da elite Hutu, onde também nasceu o ex-Presidente ruandês Juvenal Habyarimana, morto quando o avião em que seguia foi abatido, em Kigali. Foi aliás este incidente que desencadeou os acontecimentos que levariam ao genocídio.

Bagosora graduou-se como oficial em 1964, fez estudos militares avançados em França e reformou-se do exército em 1993, embora tenha mantido o seu cargo no Ministério da Defesa.

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