Grécia: noite de confrontos nas cidades de Atenas e Salónica

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As manifestações vão continuar na próxima semana Oleg Popov/Reuters

Os confrontos iniciaram-se na noite de sábado e só terminaram às 02h30 da manhã (00h30, hora de Lisboa), mantendo o clima de revolta que a Grécia vive desde que o jovem de quinze anos, Alexandro Grigoropoulos, foi baleado a 6 de Dezembro por um polícia.

Durante o início da noite, uma centena de jovens partiram os vidros de um ginásio antes de se refugiarem nas instalações da Universidade, onde a polícia está proibida por lei de entrar.

Mais tarde, várias dezenas de jovens atiraram cocktails Molotov contra a polícia, queimaram caixotes do lixo e construíram pequenas barricadas que foram rapidamente desmanteladas pelos agentes, que utilizaram gás lacrimogéneo para acalmar os ânimos.

Outros bairros de Atenas sofreram distúrbios, em Panormo uma agência bancária foi alvo de cocktails molotov. Duas viaturas de luxo foram incendiadas no bairro rico de Nova Pschiko, no Norte da capital. Durante o dia de sábado, a polícia foi obrigada a realizar 86 interpelações.

Em Salónica, a segunda maior cidade que fica no Norte do país, dois engenhos artesanais rebentaram em frente ao edifício do Partido Comunista Grego, sem causar danos graves. Durante o dia de sábado, 300 jovens tinham estado reunidos na Torre Branca da cidade, num protesto silencioso e pacífico pela morte de Grigoropoulos.

Mais manifestações

Segundo uma sondagem pública do jornal grego Kathimerini, seis gregos em cada dez, são da opinião que os acontecimentos ocorridos na última semana correspondem a uma “insurreição popular”, 69 por cento defendem que o Governo conservador “geriu mal” a crise.

Só um quinto dos estimados é que acredita que o primeiro-ministro Costas Caramanlis adoptou uma “posição justa”. Na sexta-feira Caramanlis decidiu não optar por eleições antecipadas, alegando que o Governo devia ter como prioridade combater a crise económica que também abala a Grécia.

A contestação vai continuar na próxima semana. Uma comissão de estudantes do ensino secundário distribuiu folhetos a anunciar uma manifestação em Atenas na segunda-feira à frente da direcção da polícia, e outra na quinta-feira à frente do parlamento.

Apesar da morte do jovem grego ter sido o gatilho para os distúrbios, por trás está um sentimento unânime de falta de perspectivas económicas e sociais que gerou um sentimento de rebelião na juventude grega.

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