Ausência de bactéria pode ser a causa da doença de Crohn

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A causa da doença de Crohn tem sido muito explorada pela ciência Miguel Silva (arquivo)

A falta ou presença deficiente de uma bactéria naturalmente presente na flora intestinal pode ser a causa da doença de Crohn, uma doença inflamatória crónica do intestino que afecta 10 em cada 100 mil europeus.

Chama-se "Faecalibacterium prausnitzii" e, segundo um trabalho publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, PNAS, a sua ausência ou baixa incidência parece estar relacionada com uma maior probabilidade de inflamação do intestino, uma vez que esta bactéria segrega substâncias bioquímicas anti-inflamatórias, descobriu a equipa do Institut National de la Recherche Agronomique, em França.

Segundo a equipa, a cultura destas bactérias em laboratório serviu para provar as suas propriedades anti-inflamatórias. E arriscam dizer que este facto agora descoberto pode levar à descoberta de novas terapias probióticas para combater a doença de Crohn.

Para já o trabalho está em fase de testes em animais. E Jonathan Rhodes, gastrenterologista do Royal Liverpool Hospital, citado pela BBC On Line, alerta para o facto de vários testes em animais, com bons resultados, não terem dado qualquer efeito em termos de terapias humanas.

As pistas sobre a interacção dos microrganismos existentes no intestino e a doença de Crohn são das mais exploradas sendo que a ciência já se debruçou sobre a acção de várias bactérias existentes na flora intestinal sem nunca ter sido conclusiva sobre a culpa de nenhuma.

Mas o filão mais explorado em relação ao Crohn é o da relação do sistema imunitário com a doença. Sempre se pensou que a inflamação fosse provocada por uma resposta imunitária exagerada dos doentes de Crohn. Mas uma equipa do University College de Londres avançou ainda este ano com outra conclusão: a culpa era de uma resposta fraca demais do sistema imunitário, que não consegue produzir um tipo de glóbulos brancos, chamados neutrófilos, em número suficiente para combater a acção de bactérias nocivas. Este estudo foi publicado na revista médica britânica “Lancet”.

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