Narciso Miranda não acredita que o PS o expulse das fileiras do partido

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Narciso Miranda lembra vários exemplos de militantes que foram contra as indicações do partido Luís Efigénio (arquivo)

O ex-presidente da Câmara de Matosinhos, que hoje assumiu que um dos objectivos da Associação Narciso Miranda Matosinhos Sempre (ANMMS), da qual é presidente, é apresentar candidaturas independentes aos órgãos autárquicos, não acredita que o PS o venha a expulsar do partido pelo facto de se candidatar como independente à presidência da autarquia que liderou durante vários mandatos.

“Não é muito provável que isso aconteça”, declarou Narciso Miranda, atirando, de imediato, exemplos de militantes socialistas que nem sempre seguiram as orientações do partido e que continuam a fazer parte do partido. “Há quatro anos um dirigente e grande quadro do partido por quem tenho grande admiração, Manuel Alegre, candidatou-se à Presidência da República contra a decisão do PS e não foi expulso, esteve quase a passar à segunda volta, criando uma enorme surpresa e demonstrando que a estratégia estava errada. Há pouco tempo, Helena Roseta disse que queria exercer os seus direitos constitucionais e apresentou-se como candidata à Câmara de Lisboa, e não foi expulsa, está lá como vereadora”, argumentou o ex-presidente, citando mais exemplos.

“No outro dia cruzei-me com um presidente de junta, cuja freguesia, por más razões, esteve muito na comunicação social por causa do trágico acidente da ponte de Entre-os Rios, de Castelo de Paiva, que o PS não quis que ele fosse candidato à Junta de Rãs. O partido não quis mas ele decidiu exercer os seus direitos e candidatou-se como independente, tendo ganho as eleições com maioria absoluta. O presidente da Junta de Rãs continua a ser militante do PS, sendo convocado para todas as reuniões”, relatou o ex-presidente da câmara, em conferência de imprensa onde apresentou a Associação Narciso Miranda Matosinhos Sempre e que vai funcionar como a plataforma de lançamento da sua candidatura.

Determinado em mostrar que esta é uma questão “irreversível”, o ex-líder do PS-Porto repetiu, por várias vezes, que “é militante do PS e que vai continuar a ser socialista porque é um direito que lhe assiste”, mas também disse que, a partir de agora, vai vestir por cima da camisola do seu partido a camisola de Matosinhos. “A minha camisola do PS é muito importante, mas a camisola de Matosinhos é muito mais importante”, decretou.

Ao ser confrontado pelos jornalistas, sobre o cenário de uma eventual expulsão, Narciso voltou a afastar essa possibilidade até porque, sublinhou, uma decisão dessas, colocaria o PS numa situação pouco confortável, porque as “pessoas não entenderiam os largados elogios que durante anos e anos os secretários-gerais socialistas, sem excepção, lhe fizeram, desde Mário Soares a José Sócrates”.

Perante uma sala completamente cheia, onde avultavam “socialistas, sociais-democratas e independentes ”, o ex-presidente dirigente nacional socialista puxou pela mobilização dos entusiastas do projecto, avisando que o trabalho começa já amanhã com a primeira reunião da associação cívica, a sua rampa de lançamento para a difícil batalha de reconquistar a presidência da Câmara de Matosinhos. Mas desta vez contra o PS.

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