Espólio de Jacques Brel leiloado por um milhão de euros

a Uma das peças mais importantes do leilão de obras do compositor belga Jacques Brel realizado durante os últimos dias na sucursal parisiense da Sotheby's foi um caderno em que estava escrita a canção Amsterdam: "No porto de Amesterdão/há marinheiros que cantam/os sonhos que os atormentam/À beira de Amesterdão/no porto de Amesterdão/há marinheiros que dormem/como porta-estandartes/ao longo dos cais sombrios"...A assinalar o 30.º aniversário da morte do artista, nascido em 1929, na região de Bruxelas, aquela leiloeira vendeu cartas, fotografias, gravações de entrevistas radiofónicas, maquetes de discos, desenhos e outros objectos referentes ao destacado compositor e intérprete. O total rendeu mais de um milhão de euros. E só por si o manuscrito de Amsterdam rendeu 108.750 euros, enquanto o de Mathilde, igualmente gravado em 1964, se vendia por 72.550 euros.
Segundo a emissora France Info, a viúva de Brel, Thérèse Michielsen, que dele se afastou logo em 1958, depois do nascimento da terceira filha, tinha oferecido aos organizadores do leilão 175.000 euros para que não fossem por diante com a iniciativa, que considerou "um pouco vergonhosa" para o autor de La valse à mille temps, Ne me quitte pas e tantas outras obras-primas da cultura popular europeia do século XX. Mas não se convenceram e lá se foram vendendo o mais que puderam dos 95 lotes de objectos que tinham conseguido juntar.
Jacques Romain Georges Brel, com sangue flamengo, francês e italiano, casou em 1950 com Thérèse, a quem chamava Miche, e começou a gravar em 1953, e continuou até 1977; mas pelo meio também realizou dois filmes (Franz e Far West) e interpretou outros oito, designadamente de André Cayatte, Édouard Molinaro, Marcel Carné e Claude Lelouch.
A força das palavras, o sentimento de revolta e uma certa ironia sempre foram apanágio da obra de Brel, que tem vindo a ser divulgada por outros artistas, como o seu compatriota Francis Seleck, desde 1986 radicado em Portugal.

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