Morreu o compositor Mauricio Kagel

Mestre do "teatro instrumental", um "exemplo para quem preze a liberdade de expressão"

A Mauricio Kagel morreu na madrugada de ontem em Colónia, na Alemanha, aos 76 anos. O compositor, radicado na Alemanha desde 1957, ficou sobretudo conhecido por fundir música e teatro, num estilo definido como "teatro instrumental".O compositor Luís Tinoco classificou Mauricio Kagel como uma figura incontornável da música do século XX. "Incontornável, não só por ser uma referência, por tudo aquilo que trouxe de novo à música, principalmente na segunda metade do século XX, mas também porque era uma figura carismática", disse o português ouvido pela agência Lusa.
Segundo Luís Tinoco, Mauricio Kagel "era um indivíduo que não só sabia escrever com uma grande dose de beleza e refinamento, mas também com um sentido de humor raro". "Alguns compositores conseguem destacar-se por serem únicos, por terem uma voz que é diferente, singular, e eu acho que o Kagel é um deles", continuou.
Eurico Carrapatoso, por sua vez, classificou o argentino como "um exemplo extraordinário e uma inspiração para quem preze a liberdade de expressão". Para o compositor português, "Kagel é um compositor muito importante", não apenas pela "qualidade intrínseca da sua obra" como pela postura que assumiu. Pela sua "estética radical e por vezes violenta", Carrapatoso compara Kagel ao pintor Francis Bacon.
Nascido em Buenos Aires em 1931, fez estudos musicais diversificados - piano, violoncelo, canto, direcção de orquestra. Formou-se em composição de forma "autodidacta, graças a contactos com professores de conhecimentos insuficientes", explicava com ironia, segundo a agência AFP. Chefe de orquestra no Teatro Colon, de Buenos Aires, aproveitou uma bolsa para se instalar na Colónia em 1957.

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