Tribunal britânico declara inocentes seis activistas da Greenpeace

O Tribunal da Coroa de Maidstone declarou ontem inocentes seis activistas britânicos da organização ecologista Greenpeace, acusados de terem parado o funcionamento da central a carvão Kingsnorth, em Kent, numa campanha contra as emissões poluentes e as alterações climáticas.

Em Outubro do ano passado, cinco dos activistas escalaram a uma chaminé com 200 metros de altura e pintaram o nome do primeiro-ministro (Gordon). Os activistas eram acusados de terem causado um prejuízo de 37 mil euros à companhia EON, proprietária da central.

A defesa declarou-se inocente porque disse que tentaram evitar que as alterações climáticas causassem danos maiores à propriedade em todo o planeta. Segundo o "The Guardian" online, este foi o primeiro processo onde a defesa utilizou como "justificação legal" a tentativa de evitar danos causados pelas alterações climáticas.

O julgamento contou com os testemunhos de vários cientistas na área do clima – incluindo o norte-americano James Hansen, da NASA, e conselheiro de Al Gore -, de um líder Inuit da Gronelândia e do conselheiro ambiental do Partido Conservador britânico, Zac Goldsmith.

Segundo a Greenpeace, a central de Kingsnorth emite 20 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) por dia, ou seja, a mesma quantidade de CO2 do que a que é emitida pelos 30 países menos poluidores do mundo juntos. Apesar disso, o Governo britânico tem planos para construir uma outra central ao lado de Kingsnorth.

A organização considera a decisão um “grande golpe para os planos do Governo britânico de construir novas centrais a carvão”, por parte do Tribunal da Coroa.

“O veredicto significa que o tribunal acredita que encerrar uma central a carvão se justifica no contexto dos danos à propriedade causados pelas emissões de Kingsnorth”, acrescenta a organização, em comunicado.

James Hansen disse em tribunal que mais de um milhão de espécies poderão desaparecer por causa das alterações climáticas e calculou que Kingsnorth será proporcionalmente responsável pelo desaparecimento de 400 dessas espécies. “Alguém precisa de avançar e dizer que tem de existir uma moratória, traçar um risco no chão e dizer chega às centrais a carvão”, afirmou James Hansen.

Segundo a Greenpeace, em Agosto a Poyry (agência de consultoria energética europeia) lançou um relatório segundo o qual o Reino Unido pode satisfazer as suas necessidades energéticas sem o carvão.

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