Rui Sá questiona Rio sobre possibilidade do El Corte Inglés se instalar na Rotunda da Boavista

Quarteirão entre a Avenida de França e a Rua 5 de Outubro praticamente esvaziado de lojas. O espaço restante, devoluto, pertence ao grupo espanhol

a As lojas estão todas fechadas e o papel nas montras é exactamente igual: "Encerrado para férias e remodelação." É assim com a Casa Pereira e o Talho da Torre, a Swatch ou a Casa Leal. No quarteirão entre a Avenida de França, Rotunda da Boavista e Rua Cinco de Outubro apenas uma dependência bancária continua de portas abertas. O vereador comunista da Câmara do Porto, Rui Sá, quer saber se a zona vai ser usada para uma grande intervenção urbanística. E se o El Corte Inglés tem alguma coisa que ver com isso. O grupo espanhol nega.A dúvida não nasce do nada. Grande parte do quarteirão em causa é ocupado por um terreno, que pertenceu à Refer e que o grupo El Corte Inglés comprou, quando ainda tinha a intenção de abrir ali o grande armazém do Norte - a recusa de Rui Rio, que queria o investimento na Baixa, acabou por ditar a instalação do grupo em Gaia.
Agora, em três perguntas ao presidente da câmara, Rui Rio, o vereador quer saber se o desejo inicial do grupo espanhol está à beira de se tornar realidade. Na missiva a que o PÚBLICO teve acesso, Sá esclarece que uma série de contactos lhe permitiram "concluir que todos esses estabelecimentos teriam sido vendidos à mesma entidade, que estaria a programar uma intervenção urbanística de grande dimensão". E o que "consta" junto dos comerciantes é que essa intervenção "se destinaria à construção de instalações para um centro comercial do El Corte Inglés", acrescenta o vereador.
Por isso, Rui Rio é questionado sobre se foram realizados quaisquer contactos com vista à urbanização daqueles terrenos e (em caso afirmativo) para que função. A última pergunta diz: "Se algum desses contactos, a terem sido realizados, foi estabelecido pelo El Corte Inglés ou por alguém mandatado por essa entidade?"
Contactada pelo PÚBLICO, fonte do gabinete de comunicação da Câmara do Porto garante que Rui Rio não recebeu as perguntas de Sá, mas recusa a hipótese levantada pelo vereador: "O presidente diz que, como muitas outras afirmações políticas de Rui Sá, esta sobre o El Corte Inglés não faz qualquer sentido." Também o responsável pelas relações externas do grupo espanhol, Pedro Gil Vasconcelos, diz "desconhecer" a aquisição de qualquer novo espaço no quarteirão em causa, garantindo: "Não está nos planos do El Corte Inglés, a médio prazo, ir para a Boavista." A mesma fonte acrescenta "desconhecer" a existência de propostas, por parte de outra entidade, para adquirir o terreno da Refer. E admite apenas que "brevemente" poderão surgir novidades sobre a abertura de outros espaços do grupo no Norte do país, mas com um conceito diferente de grande armazém. Pelo menos duas lojas de moda estão já previstas, uma na Rua de Santa Catarina e outra no novo centro comercial que está a surgir ao lado do IKEA, em Matosinhos.
O El Corte Inglés apresentou recentemente as suas contas, que apontam para lucros, em Portugal, de 8,14 milhões de euros - um aumento de 22,3 por cento face ao ano anterior. Depois de Lisboa e Gaia, o grupo deverá abrir um grande armazém em Cascais.

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22%
O El Corte Inglés lucrou 8,14 milhões de euros em Portugal
no último ano,
o que significa um acréscimo
de 22,3 por cento

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