Ar Puro

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É isto que faz as orelhas corarem de alegria: ouve-se um nome durante anos e por acasos cósmicos inexplicáveis nunca se ouve/lê/vê nada da obra em questão. Até um dia e esse dia foi há dias. E agradece-se: as recomendações eram justíssimas, a coisa é boa, muito boa. O nome é Super Mama Djombo (perdão aos deuses africanos por tantos anos de distracção).

Andam desde a década de 70 a ser os meninos queridos da música da Guiné-Bissau e segundo as notas inclusas neste novo "Ar Puro" a primeira formação da banda apenas gravou por uma vez, em 1980, neste nosso belo Portugal de Scolari. Cessaram as actividades em 86 até voltarem (ou assim consta) a distribuir ritmo, suor e lesões graves na cervical pelo povo bom deste mundo. Da formação consta (repete-se: consta) que já só restam três membros - e o chefe de orquestra é Adriano Atchutchi, com as vozes a mudarem de disco para disco. Para terem uma ideia do que aqui se passa enumeramos a instrumentação: saxofone, guitarras eléctricas e acústicas, percussão, bumbulum, teclados, baixo, etc. Há uma característica quase atmosférica nos rendilhados de guitarra, o ritmo nunca chega a ser perturbantemente avassalador porque a melodia e as polifonias são os amores primeiros da banda. Um ligeiro balançar funk, sopros que mais que explodir pontuam e dão cor às canções, algo de manso, de brisa quente nas vozes, algo de lânguido, de fim de tarde em cada faixa. Já se falou nas guitarras? Nas três guitarras em simultânea renda, em cada arranjo dos coros? Não se fale mais, então: aprumem a enciclopédia pessoal de música africana e na entrada de "Magníficos" escrevam: Super Mama Djombo.

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