Ingrid Betancourt: Audiência com o papa Bento XVI foi "um sonho"

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Ingrid Betancourt quer criar um grupo para ajudar a libertar outros reféns no mundo Osservatore Romano/Reuters

“A audiência com o papa foi um sonho para mim, conhecer um ser de luz, de humanidade e de tão alto nível de compreensão”, disse Ingrid numa conferência de imprensa, de lágrimas nos olhos, emocionada.

Ingrid Betancourt afirma que se emocionou particularmente quando, ainda em cativeiro, na selva, ouviu Bento XVI na rádio a pedir pela sua libertação.

"Não consegui cumprir com o protocolo. Assim que o vi só quis abraça-lo, o que não é suposto acontecer”, disse sobre o encontro que teve lugar na residência de Verão do papa, a sul de Roma.

Para Ingrid, de 46 anos, Bento XVI foi uma fonte de esperança durante os sete anos de cativeiro e a ex-candidata presidencial colombiana afirma que foi importante ouvi-lo, na radio, após uma das várias longas caminhadas a que eram obrigados na selva.

“Liguei o rádio e ouvi logo o meu nome. Não se pode imaginar o que isso significa para uma pessoa na minha situação, quer dizer que, mesmo cativos, não fomos esquecidos".

Apesar de católica, Ingrid afirma que nunca tinha lido a Bíblia, antes de ter sido capturada pelas FARC. Para ela era um velho livro empoeirado. Mas que em cativeiro teve tempo para a leu “20 mil vezes” e que hoje é um livro orientador da sua vida. “Se há um manual de instruções da felicidade, esse manual é a Bíblia”.

Contou ao papa como rezava por um milagre durante o cativeiro, não para que Deus a libertasse mas para que lhe mandasse um sinal sobre quando isso ia acontecer, algo essencial para não cair no desespero. Pouco tempo depois desse pedido um dos guerrilheiros disse-lhe que talvez fosse libertada após uma visita de uma comissão internacional ao terreno. Mas Ingrid acabaria por ser libertada pelo Exército colombiano.

“Ele [Deus] ouviu-te porque soubeste pedir. Não pediste para ser libertada mas para que Deus revelasse qual a sua vontade”, respondeu Bento XVI.

Questionada sobre quais os planos que tem para o futuro, Ingrid não colocou de parte o regresso á política mas diz que a sua prioridade é formar um grupo para trabalhar na libertação de outros reféns na Colômbia e noutras partes do mundo.