Ossétia do Sul em perfil

A Ossétia do Sul é um território com cerca de quatro mil quilómetros quadrados, cem quilómetros a Norte da capital da Geórgia, Tbilissi, nas encostas da região montanhosa do Cáucaso.
O colapso da União Soviética desencadeou um movimento separatista na Ossétia do Sul, que sempre teve mais afinidade com a Rússia do que com a Geórgia. Aquela região separou-se do domínio georgiano numa guerra em 1991-1992. Morreram centenas de pessoas. Hoje, mantém estreitas ligações à região russa vizinha da Ossétia do Norte, do lado Norte do Cáucaso.
A maioria dos seus 70 mil habitantes é de etnia diferente dos georgianos e falam a sua própria língua.
Cerca de dois terços do orçamento anual vem directamente de Moscovo e quase toda a população tem passaporte russo. Os cidadãos utilizam o rublo russo como moeda.
A Geórgia acusa as forças russas de manutenção da paz de apoiarem os separatistas. Moscovo nega. Nos últimos anos, escaramuças esporádicas entre separatistas e forças georgianas já mataram dezenas de pessoas.
O Presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, propôs um acordo de paz, no âmbito do qual seria concedido à Ossétia do Sul um “elevado nível de autonomia”, dentro de um Estado federal. Mas os separatistas afirmam que querem a independência total.




Geórgia ataca capital da Ossétia do Sul e faz 15 mortos

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Tanques georgianos deslocam-se para a cidade deTskhinvali Irakli Gedenedze/Reuters

A situação na república separatista da Ossétia do Sul agravou-se. Esta noite a Geórgia atacou a capital daquela região, que declarou unilateralmente a independência em 1990. Quinze civis morreram. A Rússia, país que apoia a Ossétia do Sul, envolveu-se no conflito e bombardeou hoje a cidade georgiana de Gori. As Nações Unidas dizem-se preocupadas.

Depois de intensos combates durante a noite, as tropas georgianas, apoiadas por meios aéreos, entraram na cidade principal da Ossétia do Sul, Tskhinvali, numa tentativa de retomar o controlo do território, noticiou a agência de notícias russa Interfax. Quinze civis morreram nos bombardeamentos.

Em Tskhinvali, onde centenas de pessoas se refugiaram em abrigos, as forças russas de manutenção de paz afirmam que três dos seus homens ficaram feridos e que a sua sede foi atacada.

Segundo a Geórgia, a operação - lançada depois de uma semana de conflitos entre separatistas e tropas, causando a morte a 20 pessoas - tem como objectivo terminar a situação de independência da Ossétia do Sul.

O Presidente da Geórgia, Mikheil Saakachvili, anunciou hoje numa declaração televisiva, que a maior parte do território independentista da Ossétia do Sul foi “libertado” e agora é controlado pela Geórgia. Acusou a Rússia de conduzir uma operação "a larga escala" contra o seu país.

Lado Gurgenidze, primeiro-ministro da Geórgia, já avisou que a operação militar vai continuar até que seja alcançado uma "paz durável".

Depois da ofensiva militar, aviões russos entraram no espaço aéreo da Geórgia e bombardearam a cidade georgiana de Gori. “A Rússia não hesitará para avançar com medidas a grande escala para proteger os nossos compatriotas na região e para assegurar a segurança das fronteiras da Rússia a Sul, depois da deterioração da situação na Ossétia do Sul”, garantiu Boris Gryzlov, presidente do Parlamento, citado pela agência de notícias RIA.

A Rússia apelou à comunidade internacional para agir a fim de evitar "um banho de sangue". Segundo o Kremlin, o Presidente russo Dmitry Medvedev está a trabalhar para "restaurar a paz na Ossétia do sul e para defender a população civil local, no âmbito do seu mandato de manutenção de paz".

Comunidade internacional diz-se preocupada com a situação

Numa sessão realizada de emergência ontem à noite a pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da ONU expressou a sua preocupação mas não conseguiu fazer aprovar uma declaração para apelar a ambas as partes a suspender os combates imediatamente. A expressão "renunciar ao uso da força" terá sido considerada inaceitável pela Geórgia, apoiada pelos Estados Unidos e europeus.

"Lamentamos que não tenha sido possível até ao momento encontrar um acordo sobre uma declaração do Conselho de Segurança sobre este assunto", comentou a embaixadora adjunta do Reino Unido na ONU, Karen Pierce. "Esperamos que isso seja possível nos próximos dias".

A reunião, que decorreu à porta fechada, analisou uma declaração apresentada pela Rússia, onde esta apelava à Geórgia e à Ossétia do Sul para suspenderem os combates e a retomarem as negociações. O texto expressava "fortes preocupações face à escalada da violência", apelava às duas partes para "suspenderem, imediatamente, o banho de sangue, a renunciar ao uso da força e a retomar imediatamente as negociações". Mas, depois de duas horas de debates, os membros do Conselho não chegaram a acordo.

A União Europeia também mostrou a sua profunda preocupação com os combates e apelou a todas as partes para porem fim à violência. "Estamos a seguir de muito perto a situação. Estamos muito preocupados com a forma como está a evoluir", comentou um diplomata, em anonimato.

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