Governo do Paquistão pede a destituição do Presidente Musharraf

Foto
Musharraf poderá ser destituído do cargo na próxima segunda-feira Aziz Haidari/Reuters

Esta medida extraordinária, se chegar a concretizar-se, constitui o clímax de cinco meses de tensões entre o governo, em funções desde Março, e o ex-general Musharraf, no poder desde o golpe de Estado militar de 1999.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Esta medida extraordinária, se chegar a concretizar-se, constitui o clímax de cinco meses de tensões entre o governo, em funções desde Março, e o ex-general Musharraf, no poder desde o golpe de Estado militar de 1999.

No final de uma reunião dos partidos que formam parte da coligação do Governo, a ministra da Informação, Sheri Rehman, disse que o procedimento de destituição já está em marcha.

O governo, acrescentou Rehman, agendou para segunda-feira, dia 11, a celebração de uma sessão extraordinária da Câmara dos Representantes, com o objectivo de o projecto ser submetido à votação dos deputados. Ou seja, a destituição de Musharraf poderá tornar-se realidade na próxima segunda-feira.

A decisão acontece na sequência de dois dias de conversações entre os líderes do Partido do Povo Paquistanês (PPP), no governo - Asif Zardari, viúvo da falecida Benazir Bhutto - e da Liga Muçulmana-N (PML-N) - Nawaz Sharif -, às quais assistiram igualmente outras formações minoritárias da coligação.

É previsível que, a acontecer, o processo de destituição de Musharraf, aliado-chave dos Estados Unidos na guerra contra o terrorismo, fragilize ainda mais a instável situação política no país. Tanto o PPP como o PML-N elegeram Musharraf como alvo desde que chegaram ao poder, em Fevereiro, após umas eleições marcadas pelo assassinato de Benazir Bhutto, em finais de Dezembro.

A Constituição pequistanesa estabelece que o Presidente poderá ser destituído na sequência de uma moção parlamentar de destituição com uma maioria de pelo menos dois terços na Assembleia e no Senado.

Musharraf ainda não comentou este procedimento de destituição, mas os seus aliados já disseram que ele o iria enfrentar. O Presidente já disse em anteriores ocasiões que preferia demitir-se a ser alvo de uma destituição, mas alguns analistas políticos paquistaneses avançam que, em último recurso, Musharraf poderia dissolver o Parlamento, apesar de já ter garantido que não o fará.

Esta notícia ficou conhecida no mesmo dia em que o ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês indicou que Musharraf não irá à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, onde será representado pelo primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani.

Esta incerteza política já se fez sentir nos mercados financeiros paquistaneses, com o principal índice bolsista nacional a atingir o seu ponto mais baixo dos últimos 23 meses.