África do Sul: acusado de corrupção, Zuma recebe apoio de centenas de partidários

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Zuma (à esq) é acusado de corrupção, suborno e lavagem de dinheiro Siphiwe Sibeko/Reuters

Cerca de mil apoiantes acompanharam hoje Jacob Zuma, o líder do Congresso Nacional Africano (ANC), na deslocação ao tribunal, para uma audiência preliminar no processo em que é acusado de corrupção e que poderá constituir o principal entrave à sua vitória nas presidenciais sul-africanas do próximo ano.

O partido no poder na África do Sul organizou uma verdadeira manifestação de apoio ao seu novo líder, que diz estar a ser vítima de um processo com motivações políticas. “JZ está a ser vítima de uma maquinação política”, garantia um dirigente do ANC, enquanto os apoiantes cantavam e dançavam para expressar a sua solidariedade com o líder do ANC.

No final da audiência no tribunal de Pietermaritzburg – destinada em primeira instância a definir o início do julgamento – Zuma garantiu à multidão que vai lutar para provar a sua inocência: “Os que me conhecem sabem que não sou um fraco, nunca tive medo de nada”.

Perante o juiz, a defesa do líder do ANC apresentou uma nova petição para tentar anular o processo, desta feita acusando o procurador-geral de não ter dado a Zuma uma oportunidade para apresentar a sua versão dos factos antes de avançar com a acusação. Na resposta, o procurador Win Trengove garantiu que o acusado terá essa oportunidade durante o julgamento.

A audiência preliminar prossegue amanhã, mas uma decisão sobre a petição não deverá ser conhecida nos próximos dias e a defesa já fez saber que esta não será a última diligência a ser apresentada. O objectivo – não declarado mas de conhecimento público – é arrastar o fim do julgamento para lá do segundo semestre do próximo ano, data prevista para as presidenciais, que Zuma, enquanto líder do ANC, não deverá ter dificuldades em vencer.

Vice-presidente sul-africano entre 1999 e 2005, Zuma é acusado de corrupção, fraude, lavagem de dinheiro e suborno, sendo suspeito de ter recebido, ao longo de uma década, centenas de milhares de euros em “luvas”. Um dos casos mais mediáticos prende-se com suspeitas de que terá pedido uma elevada quantia ao fabricante de armas francês Thales para garantir que um contrato que a empresa firmara com o Governo sul-africano não seria alvo de inquérito.

As suspeitas levaram o Presidente, Thabo Mbeki, a demiti-lo, em 2005, mas nesse mesmo ano o processo acabaria por ser arquivado devido a questões processuais. Apesar das acusações, Zuma manteve a sua popularidade em alta, principalmente entre a etnia zulu, a que pertence e, em Dezembro do ano passado conseguiu vencer Mbeki nas eleições para a presidência do ANC, contando com o apoio das estruturas sindicais e juvenis do ANC.

Dias depois, a procuradoria reabriu o caso, levando os seus partidários a denunciarem que o processo está a ser orquestrado por Mbeki, com o objectivo de evitar a vitória de Zuma nas presidenciais de 2009.

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