O romance Os Filhos da Meia-Noite de Salman Rushdie é o Melhor Prémio Booker de sempre

Leitores de todo o mundo escolheram Os Filhos da Meia-Noite como The Best of the Booker em vez de obras de JM Coetzee e de Nadine Gordimer

Não se pode dizer que seja inesperado. O romance Os Filhos da Meia-Noite do escritor Salman Rushdie foi eleito por leitores de todo o mundo como o Melhor Prémio Booker de sempre. O prémio The Best of the Booker, criado para celebrar o 40.º aniversário do The Booker Prize, foi ontem anunciado durante o Festival de Literatura de Londres. Esta obra do escritor britânico que nasceu em Bombaim, em 1947, era considerada a favorita. Há mesmo quem já tenha dito que este romance é “o Sergeant Pepper [o disco dos Beatles] do mundo literário”.A votação para The Best of the Booker realizou-se durante este Verão através da página na Internet deste famoso prémio britânico de literatura e através de telemóvel. Terminou no passado dia 8 de Julho e 7800 pessoas votaram via Internet ou através de SMS nos seis títulos que foram escolhidos por um júri.A shortlist deste The Best of the Booker era composta por seis romances, alguns deles já publicados em Portugal: The Ghost Road, de Pat Barker (1995), Oscar e Lucinda, de Peter Carey (1988), Desgraça, de JM Coetzee (1999), The Seige of Krishnapur, de JG Farrell (1973), O Conservador, de Nadine Gordimer (1974) e Os Filhos da Meia-Noite, de Salman Rushdie (1981).Todas estas obras foram premiadas com o Booker Prize no ano da sua publicação. Foram escolhidas numa lista de 41 obras premiadas quer com o Booker Prize quer com Man Booker Prize (houve anos em que escolheram dois vencedores). O júri deste The Best of the Booker era composto pela biógrafa, romancista e crítica Victoria Glendinning, pela jornalista e apresentadora Mariella Frostrup e por John Mullan, professor de Inglês no University College de Londres. Foram eles que chegaram a estes seis títulos que consideraram não ter perdido a actualidade com o passar dos anos. Mas quem verdadeiramente escolheu o vencedor foram os leitores através da votação mundial.Trinta e seis por cento do total dos votos no concurso foram para Os Filhos da Meia-Noite. Aliás, os votos foram enviados para este prémio literário de vários lugares do mundo: 37 por cento dos votos chegaram do Reino Unido e 27 por cento da América do Norte. A maior parte das pessoas que votou tinha entre 25 e 34 anos e pelo menos metade tinha menos de 35 anos.Os Filhos da Meia-Noite é considerado por muitos críticos como o melhor livro de Rushdie até à data. Quando se olha para o percurso desta obra nos prémios Booker percebe-se a razão do seu sucesso. Muitos prémiosEm 1981, Os Filhos da Meia-Noite venceu o prémio Booker. Anos depois, em 1993, foi escolhido para o prémio Booker of Bookers, um prémio que comemorava os 25 anos do prestigiado prémio britânico. O romance está editado em Portugal pelas Publicações Dom Quixote desde 1986 numa tradução de Manuel João Gomes. Salman Rushdie não estava em Londres na altura do anúncio do prémio porque está nos Estados Unidos a promover o seu mais recente livro A Feiticeira de Florença, que a sua editora portuguesa, a Dom Quixote, publicará em Outubro.No entanto, Rushdie enviou uma mensagem em vídeo em que afirmava que quando soube que tinha sido atribuído o prémio a este seu livro ficou “absolutamente encantado” e agradeceu aos seus leitores. Foram os seus filhos a receber o prémio.E o que tem este romance de tão especial? Em Os Filhos da Meia-Noite é relatada a história da Índia durante o século XX. A personagem principal é um muçulmano de família abastada, Salim Sinai, que nasceu em Bombaim à meia-noite do dia 15 de Agosto de 1947, no instante em que a Índia se tornava uma nação independente. Toda a trajectória de Salim está ligada à complexa e conturbada história do seu país. Salim descobre que foi trocado na maternidade por outro recém-nascido. Na verdade, deveria ser um hindu de família pobre. Além disso Salim tem um poder extraordinário: a telepatia, que lhe permite reconstituir a história da sua família desde 1910.

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