Afinal, parece que a Terra não vai ser engolida por um buraco negro produzido em Genebra

O futuro maior acelerador de partículas do mundo não é um perigo para o planeta, afirmam peritos

a O site dos dois homens que interpuseram uma acção num tribunal havaiano para tentar bloquear a entrada em funcionamento do Large Hadron Collider, ou LHC - o grande acelerador de partículas subterrâneo em construção perto de Genebra, na Suíça -, ainda não trazia nada ontem. Nem uma palavra acerca do que terá acontecido a 16 de Junho, durante a primeira audiência perante o juiz encarregue do processo em Honolulu. Nem uma palavra, tão-pouco, sobre o último relatório, emitido há dias por um grupo de peritos independentes, reunidos pelo CERN (Laboratório Europeu de Física das Partículas, o construtor do LHC) para se debruçarem sobre os hipotéticos perigos do futuro acelerador, e em particular a criação de buracos negros.O LHC é uma supermáquina, uma "pista de corrida" de 27 quilómetros de circunferência para partículas subatómicas. Ali, graças às colisões de protões espectacularmente acelerados, irão ser atingidas energias nunca vistas noutros aceleradores, o que permitirá recriar as condições dos primórdios do universo.
É natural o silêncio de Luis Sancho e Walter Wagner, que, em finais de Março, processaram o Departamento da Energia dos EUA, o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), a National Science Foundation norte-
-americana e o CERN. Ambos continuarão, sem dúvida, convencidos de que estamos todos a ser arrastados para uma catástrofe (ver E se o CERN fizesse um buraco negro que engolisse Genebra, a Suíça e toda a Terra?, PÚBLICO de 14.04.2008), ainda que seja pouco provável que os autores do documento quisessem esconder um tal perigo se ele existisse, arriscando-se a ser engolidos por um enorme buraco negro produzido no LHC... O relatório, da autoria de cinco físicos - quatro do CERN e um do Instituto de Investigação Nuclear de Moscovo -, confirma e reafirma, à luz dos mais recentes resultados científicos, que não há razão para recear o pior (ver lsag.web.cern.ch/lsag/LSAG-Report.pdf). Foram considerados os cenários mais improváveis e não se encontrou nada de inquietante: "Não há qualquer razão para recear as consequências de quaisquer novas partículas ou formas de matéria imagináveis produzidas pelo LHC", escrevem. O documento, uma vez finalizado, teve ainda de ser aprovado por um painel de 20 cientistas exteriores ao CERN, o que aconteceu na passada sexta-feira. A aprovação desse painel foi unânime.
O novo relatório baseia-se e desenvolve as conclusões de um outro, do mesmo grupo de trabalho e datado de 2003, e ainda um artigo da autoria de um dos elementos do grupo (Michelangelo Mangano) e de Stephen Giddings, da Universidade da Califórnia. Quanto à eventual produção de buracos negros no LHC, que mereceu desta vez particular atenção dos cientistas, eles concluem, segundo referia ontem o diário The New York Times, que isso não implicará quaisquer riscos minimamente significativos para o nosso bem-estar.

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