Martin Parr anda preocupado com o mundo e o PHotoEspaña deu-lhe um prémio

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Martin Parr DR

Mordaz. Irónica. Exagerada. Crítica. Há adjectivos que andam sempre colados às fotografias do inglês Martin Parr que hoje foi distinguido com o Prémio PHotoEspaña Baume & Mercier 2008, o maior galardão do festival que serve para reconhecer o seu percurso profissional e a sua influência na fotografia contemporânea. Na cerimónia de atribuição do prémio, em Madrid, Parr, fotógrafo da agência Magnum desde 1994, afirmou-se “muito preocupado com os problemas do mundo” e explicou que tem tentado “dar a volta à linguagem publicitária, tão colorida e viva” para tratar temas como a globalização.

A organização do festival destacou a influência da obra do artista “na estética da fotografia que hoje se pratica”. “O seu olhar excêntrico e satírico, os projectos cinematográficos e os livros que assinou convertem-no num dos fotógrafos mais conceituados da segunda metade do século XX”, refere o comunicado.

Martin Parr, considerado uma das eminências pardas da Magnum, é autor, em conjunto com Gerry Badger, de uma história de livros de fotografia (Photobook: A History, Phaidon, 2004/2006) que tem influenciado o mercado de compra e venda de álbuns de fotografia.

Na entrevista que deu ao PÚBLICO, em Novembro do ano passado, Parr mostrou-se muito crítico em relação ao estilo de vida “espampanante” do mundo Ocidental e vaticinou um futuro pouco radioso, mas sempre com o sarcasmo na ponta da língua: “Estamos a caminho do fim, porque o mundo não consegue sustentar este tipo de crescimento. E, já que vamos por aí abaixo, ao menos que o façamos de forma divertida. A gastar todo o dinheiro possível”.

Martin Parr fotografou durante muitos anos a preto e branco, mas a faceta mais conhecida do seu trabalho é aquela que mostra muitos dos vícios e comportamentos das sociedades contemporâneas em cores garridas e flashadas de perto.

No ano passado, o PHotoEspaña distinguiu o suíço-americano Robert Frank, uma das lendas vivas da fotografia mundial. A artista plástica Helena Almeida foi a única portuguesa a receber o prémio, em 2003.

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