Medvedev inquieto face à incompreensão mútua entre Moscovo e o Ocidente

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O novo Presidente russo rejeita uma intervenção da diplomacia alemã a favor do ex-presidente da companhia petrolífera russa Ioukos Dmitry Astakhov/Reuters

"As tendências na diminuição do espaço de compreensão mútua na política euro-atlântica (...) a falta de previsibilidade nas principais tendências de evolução do mundo, antes de mais na questão da segurança mundial e europeia (...) inquietam-nos", declarou Medvedev durante uma conferência de imprensa conjunta com a chanceler alemã Angela Merkel.

O Presidente russo enumerou depois os temas de desacordo entre Moscovo e o Ocidente. Começou pelo planos de "instalação de um escudo antimíssil americano na Europa", que Moscovo considera como uma ameaça, enquanto Washington diz que serve apenas para se proteger contra mísseis iranianos.

Medvedev referenciou ainda o tratado que limita as forças convencionais na Europa - suspenso por Moscovo em Dezembro devido a uma recusa do Ocidente em o ratificar - e a questão do alargamento da NATO. Washington tenta fazer entrar a Ucrânia e a Geórgia, antigas repúblicas soviéticas, na Aliança Atlântica.

Por seu lado, a chanceler alemã adoptou um tom conciliador, pronunciando-se a favor de que a Rússia seja associada à próxima cimeira da NATO que deverá ter lugar na fronteira franco-alemã, em 2009.

No domínio económico, Merkel comprometeu-se com a promoção dos gasodutos do Báltico destinados a alimentar a Europa com gás natural russo, um projecto germano-russo criticado pela Polónia, entre outras nações. "Tornar-me-ei na advogada de defesa desse projecto" que é do interesse de muitos países, assegurou a chanceler alemã.

"A Alemanhã sempre considerou a Rússia como um parceiro fiável na cooperação e isso vai continuar", acrescentou a chanceler, que insistiu muito na intensidade das relações económicas bilaterais.

Moscovo rejeita ajuda alemã em favor de Khodorkovski

O novo Presidente russo rejeitou ainda, durante a mesma conferência de imprensa, uma intervenção da diplomacia alemã a favor do ex-presidente da companhia petrolífera russa Ioukos, Mikhail Khodorkovski, detido por fraude fiscal.

"As questões relativas à execução das penas e a um eventual indulto não deverão fazer parte do alvo das negociações" entre a Rússia e a Alemanha, disse Medvedev.

Merkel declarou por seu lado que a Alemanha estaria interessada num "desenvolvimento dinâmico" da situação jurídica na Rússia.

Um advogado de Khodorkovski confirmou hoje à AFP que o chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, teria empreendido diligências no sentido de facilitar a libertação do seu cliente.

Khodorkovski foi condenado a oito anos de prisão em 2003 por fraude fiscal, na sequência de um processo considerado como inspirado pelo Kremlin, tendo já cumprido a maioria da sua pena. De qualquer maneira foi-lhe recusada uma libertação antecipada em Fevereiro de 2007.

"[Esta questão lida com a] soberania de cada Estado", disse o Presidente russo, acrescentando que uma eventual libertação de Khodorkovski não pode ser um assunto decidido entre dois estados nem tomada por políticos.

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